Grande referência da filosofia brasileira, Oswaldo Porchat Pereira tem sua trajetória intelectual explicitada em Rumo ao ceticismo, que acaba de ganhar nova impressão. Aqui estão reunidos artigos publicados entre 1969 e 2005, deixando clara a evolução intelectual do autor e sua persistente crítica ao dogmatismo.
O leitor pode acompanhar o desenvolvimento de sua versão do neopirronismo, que traz para a filosofia contemporânea as intuições básicas do antigo ceticismo pirrônico, principalmente a partir dos trabalhos de Sexto Empírico, filósofo grego que viveu entre os séculos II e III.
Será justamente no pirronismo que Porchat Pereira encontrará a conciliação que busca entre filosofia e vida. De fato, a seu ver, além de ser um crítico do dogmatismo filosófico (postura inerente a todo pirronismo), o cético assume a vida comum ao se libertar dos enfoques dogmáticos. Ou seja, o cético é aquele que se dispõe a filosofar, não procurando verdades absolutas para propor aos demais, mas relatando e dividindo suas dúvidas e experiências.
Repensando e rearticulando o pirronismo de acordo com a linguagem e problemas filosóficos contemporâneos, Porchat Pereira ataca “séculos de incompreensão” acerca da proposta apresentada pelo ceticismo antigo. Neste diálogo de quase quarenta anos com o ceticismo, fica clara a sua opção por um ceticismo empírico que “humaniza decididamente a razão, descobrindo sua vocação eminentemente mundana, pensando-a a serviço dos seres humanos”.