'O zelo de deus' ganha nova tiragem

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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Para o alemão Peter Sloterdijk, um dos mais importantes filósofos contemporâneos, estudar o conflito entre as três grandes religiões monoteístas possibilita entender a forma como o mundo atual está sendo moldado. Trabalhando com os “potenciais universalistas”, ele, em O zelo de deus: sobre a luta dos três monoteísmos, lançado pela Editora Unesp em 2016 e que acaba de ganhar nova tiragem, pondera sobre as premissas e as fontes do surgimento da fé em um único deus, as formas dialógicas e conflituosas que podem ser assimiladas, os campos de batalha e os conflitos entre cristianismo, islamismo e judaísmo, assim com o programa lógico, a matrix, que leva ao messianismo do tipo exclusivo e totalitário.

Sloterdijk analisa as formas de conflito que surgiram em torno desses três monoteísmos: o antipaganismo, o antijudaísmo, o anti-islamismo e o anticristianismo e mostra como “as referidas religiões uma após a outra divergiram ou então se originaram de fontes mais antigas – algo comparável a uma explosão de três fases (ou a uma sequência de recepções hostis)”. Tais questões são potencializadas por divisões internas: característico do judaísmo foi o separatismo com aspectos defensivos; do cristianismo, o projeto de expansão por meio das missões; e, do islamismo, a guerra santa.

O autor discute também o confisco do arsenal discursivo do messianismo universalista por políticos e ideólogos, sempre preocupado com resultado da utilização desse “’material radioativo’, de “sua massa maníaco-ativista ou messiânico-expansionista”. Com isso, afirma, o estudo de tais fenômenos não se restringe mais à disciplina da ciência da religião, mas à ciência geral da cultura, “desejando que tenha a força de propagação de línguas de fogo: a única via ainda aberta é a civilizatória”. Se no século XXI as três grandes religiões monoteístas são chamadas a converter suas relações de coexistência em alianças e diálogo, é vital debater as consequências de um universalismo militante que ainda necessita civilizar-se.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
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