Ao questionar certo discurso historiográfico monolítico em Pão e circo: sociologia histórica de um pluralismo político, que acaba de ganhar nova tiragem, o renomado arqueólogo e historiador francês Paul Veyne propõe e explora novas possibilidades interpretativas para a política e a economia na Antiguidade greco-romana.
O autor nos mostra que a vida antiga era muito mais complexa e sutil: a prática de construir teatros e oferecer banquetes (ou distribuir trigo e patrocinar jogos públicos) também portava uma espécie de comprometimento com o bem comum por parte da elite da época, tanto por conta de um sentido de dever, como também por ser um modo de demonstrar superioridade.
O livro narra de maneira vívida e abrangente um período fascinante da aventura humana na Antiguidade, possibilitando à nossa sociedade contemporânea, burocrática e universalista compreender o evergetismo, que é como Veyne denomina as liberalidades feitas pelas classes dirigentes aos povos helênicos e romanos. Ou seja, permite-nos entender de modo profundo uma sociedade na qual as livres relações de dom e de beneficência ocupam o lugar que hoje é dominado pelo mercado e pela regulamentação.