Lançado originalmente em 2012, Os Analectos, de Confúcio, acaba de ganhar nova tiragem. A obra procura resgatar o pensamento original de Confúcio, que viveu entre 551 e 479 a. C. e ainda hoje influencia a sociedade chinesa. Com tal objetivo, a obra foi traduzida, de forma pioneira, diretamente do chinês arcaico para o português, e inclui os comentários clássicos acerca dos aforismos.
Esses comentários não constam das edições em português, embora sejam guias obrigatórios para todos os leitores chineses: escritos há vários séculos e em diferentes épocas, são fundamentais para a compreensão dos aforismos. Complexos até mesmo para leitores já versados em Confúcio, esses pequenos textos, sobre os quais cabem olhares múltiplos, contemplam diversas possibilidades semânticas, como demonstram as diferentes interpretações dos próprios comentadores tradicionais.
Os comentários que integram esta obra foram cuidadosamente compilados de fontes variadas pelo tradutor, Giorgio Sinedino, adido cultural da Embaixada Brasileira em Pequim, e, ainda, adaptados, de modo a facilitar a compreensão pelo leitor contemporâneo. Também para tornar a leitura mais fluente, foram editados na sequência dos aforismos, e não em notas de rodapé.
Os Analectos, livro que condensa as idéias de Confúcio, representam uma visão de mundo e uma espécie de código ético e de conduta que foi fundamental para a vida familiar e pública na China antiga e continua presente em vários aspectos da sociedade chinesa de nossos dias.
Segundo alguns, a atualidade da obra é atestada inclusive pela pujança contemporânea da China. Essa afirmação é abraçada por Sinedino, que identifica no pensamento de Confúcio a defesa da livre competição, algo visível na microeconomia chinesa. Para ele, inclusive, “a liderança da economia pelo estado na China não se deve ao comunismo, mas ao confucionismo”.