'Política e cultura', de Bobbio, ganha nova tiragem

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segunda-feira, 23 de maio de 2022

Em Política e cultura, filósofo italiano busca escapar das posições intolerantes e fundamentalistas que barram o caminho do diálogo democrático

Um dos maiores filósofos políticos do século XX, Norberto Bobbio aborda em Política e cultura, coletânea de 15 ensaios que acaba de ganhar nova tiragem, um tema crucial na atualidade. Ao se recusar simplesmente a escolher entre posições extremadas, o autor italiano traça a figura do intelectual que, talvez ainda mais do que em seu tempo, é fundamentalmente necessário neste século XXI: o mediador que trabalha tendo como referência a virtude da tolerância e, como método, o diálogo racional.  

Essa posição assumida de um intelectual que funciona como consciência crítica do poder o leva a esboçar então uma teoria da democracia. Escritos em meio à polarização comunismo/capitalismo do pós-guerra, os ensaios fornecem as bases teóricas para se pensar em um liberalismo que seja tanto sensível às questões de justiça social, quanto limitador dos poderes do Estado em relação às liberdades individuais.

Não se trata de um simples posicionamento contemplativo, que evita tomar partido de uma determinada ideologia, mas de uma recusa consciente à polarização e convicção de que o debate político pode acontecer por meio de uma razão libertadora e esclarecedora. Para isso, a ideia de cultura ocupa um papel de destaque, evitando que se formem verdades definitivas para se produzir os questionamentos racionais necessários para a vida democrática. 

Mais do que um livro sobre o papel do intelectual nas sociedades modernas, esta obra é uma reflexão sobre a sua importância ao exercer uma função ativa no campo da política e também fornecer conhecimentos técnicos úteis para reformar a sociedade. A vida em sociedade até pode se contentar com o silêncio, mas é dever do homem da cultura restabelecer a confiança no diálogo, pois, pergunta Bobbio, “como seria possível a distensão sem o entrelaçamento de um diálogo contínuo, sincero, vivo e fecundo entre as partes em conflito?”. Para ele, o homem de cultura deve estar mais preocupado em disseminar dúvidas do que em colher certezas.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
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