Pesquisadores demonstram que as ligações essenciais entre romantismo, anticapitalismo e ecologia podem se expressar em formas culturais e contextos históricos muito diferentes
A partir de uma ampla variedade de expressões da cultura romântica em diferentes áreas, como relatos de viagem, pintura, visões utópicas, estudos culturais, filosofia política e literatura ativista sociopolítica, Robert Sayre e Michael Löwy examinam as conexões profundas entre a rebelião romântica contra a modernidade e a preocupação ecológica com as ameaças modernas à natureza. Essa é a gênese de Anticapitalismo romântico e natureza: o jardim encantado, que chega agora em português pela Editora Unesp.
“Não pretendemos neste livro propor um estudo histórico exaustivo do romantismo e da ecologia”, anotam os autores. “Em vez disso, a fim de ilustrar a diversidade e a coerência de uma ampla constelação cultural, bem como sua continuidade muito além do chamado ‘período romântico’, escolhemos uma série de referências que não pertencem ao cânone literário usual dos estudos do romantismo. Discutimos um grupo altamente diverso de pessoas – William Bartram, Thomas Cole, William Morris, Walter Benjamin, Raymond Williams e Naomi Klein – do final do século XVIII ao início do século XXI.”
De forma a dar visibilidade às profundas conexões intelectuais, culturais e emocionais entre a rebelião romântica contra a modernidade e a preocupação ecológica com as ameaças modernas à “Natureza”, Sayre e Löwy buscam demonstrar as ligações essenciais entre romantismo, anticapitalismo e ecologia, expressando-se em formas culturais e contextos históricos muito diferentes. No entanto, partem de uma concepção de romantismo que extrapola as definições deste período como movimento literário circunscrito ao período entre o final do século XVIII e início do século XIX.
“Longe de ser consensual, essa interpretação vai contra a corrente da maioria dos estudos sobre o romantismo, que se baseiam na suposição aparentemente óbvia de que estamos lidando com um movimento literário. A nosso ver, essa suposição está duplamente errada: o romantismo é uma cosmovisão – ou seja, é muito mais que um fenômeno literário, embora tenha um importante componente literário –, e não terminou em 1830 ou 1848”, anotam. “Para nós, o romantismo, como protesto cultural contra a civilização industrial e capitalista moderna, é uma das principais formas da cultura moderna que se estende desde Rousseau – uma figura fundadora particularmente importante – até o presente, ou seja, da segunda metade do século XVIII até o início do século XXI. Nossa tese se baseia em uma abordagem (heterodoxa) marxiana aos fenômenos culturais que tenta vincular arte, religião e ideias políticas a contextos sociais e históricos.”
A obra, de grande interesse para estudantes e pesquisadores da ecologia, do romantismo e da história do capitalismo e para o público em geral, demonstra sua grande dose de originalidade a partir do fato de ser um dos primeiros estudos a sugerir uma visão muito mais ampla da relação romântica com o discurso e a representação ecológicos, cobrindo uma ampla variedade de criações culturais e assumindo o romantismo como uma crítica cultural, ou um protesto contra a modernidade capitalista-industrialista, em nome de valores passados, pré-modernos ou pré-capitalistas.
Sobre os autores:
Robert Sayre é professor emérito de Inglês e Literatura e Civilização Estadunidense na Universidade Paris-Est, Marne-la-Vallée, França.
Michael Löwy é diretor emérito de pesquisa em Sociologia no Centre nationale de la recherche scientifique, Paris, França.
Título: Anticapitalismo romântico e natureza: o jardim encantado
Autores: Robert Sayre e Michael Löwy
Tradução: Rogério Bettoni
Número de páginas: 209
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 56,00
ISBN: 978-65-5711-025-6