Sociólogo rural holandês defende relevância da posição do campesinato na atualidade

Notícia
Notícias
quarta-feira, 8 de março de 2017

Jan Douwe van der Ploeg resgata os textos do agrônomo social russo Aleksandr Chayanov, do início dos 1900, em busca de respostas atuais ao papel do camponês na engrenagem agrária

A maior parte dos habitantes do mundo rural ainda é formada por camponeses e pequenos produtores. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), das 570 milhões de propriedades agropecuárias existentes no planeta, 90% são dirigidas ou dependem da mão de obra de uma família. Destes, 475 milhões detêm menos de 2 hectares de terra, mas produzem 80% dos alimentos consumidos no mundo. Em Camponeses e a arte da agricultura, lançamento da Editora em coedição com a Editora da UFRGS, o holandês Jan Douwe van der Ploeg reafirma a importância do camponês na busca de respostas para o futuro do campo.

O autor analisa experiências agrárias de vários países, explica o desenvolvimento dos camponeses ao longo dos séculos e defende que esta figura não desaparecerá tão cedo, ao contrário do que muitos estudos afirmam. Para isso, Ploeg se fundamenta nos textos ainda pouco conhecidos no Ocidente do agrônomo social russo Aleksandr Chayanov, do começo do século XX, quando este travava com Lênin um intenso debate sobre a importância da unidade econômica campesina e a posição de classe dos camponeses russos pós-revolução. No Brasil, a obra de Chayanov é pouquíssimo conhecida.

Entretanto, mesmo que Ploeg olhe para um passado distante quase cem anos, seu texto está longe de ser anacrônico ou meramente biográfico. Ele deixa claro que quis “ir além das limitações de tempo e espaço inerentes à obra de Chayanov (das quais ele tinha plena consciência) e identificar os equilíbrios que funcionam como princípios centrais de organização da agricultura camponesa de hoje”.

Na visão de Bernardo Mançano Fernandes, da cátedra Unesco de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial, que assina a orelha da obra, a publicação deste livro enfrenta o fundamento do capitalismo agrário, que pensa o pequeno agricultor como figura ultrapassada e que perdeu espaço no futuro. “Ploeg mostra o contrário”, afirma. Além disso, “para os que não leram Chayanov, este livro é a porta de entrada. (...) Ele é uma descoberta sobre uma sociedade que re-existe todos os dias, recriando-se por lutas e sendo recriada pela necessidade contraditória do capitalismo”.

Camponeses e a arte da agricultura integra a série Estudos Camponeses e Mudança Agrária, fruto de uma parceria entre a Editora Unesp, o Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais, a Cátedra Unesco de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial, o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe (TerritoriAL), a Coleção Vozes do Campo, a Editora da UFRGS e a Série Estudos Rurais, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural.

Sobre o autor - Jan Douwe van der Ploeg é professor de Sociologia Rural na Wageningen University, na Holanda, e na Universidade Agrícola da China, em Pequim.

Título: Camponeses e a arte da agricultura: um manifesto Chayanoviano 
Autor: Jan Douwe van der Ploeg
Tradução: Claudia Freire 
Revisão Técnica: Bernardo Mançano Fernandes e Sergio Schneider 
Número de páginas: 196 Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 44,00 
ISBN: 978-85-393-0593-3

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp