Sucesso de Marta Arretche acaba de ganhar nova impressão
Lançado em 2015, o livro Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos, organizado pela professora titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, diretora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e editora da Brazilian Political Science Review, Marta Arretche, acaba de ganhar nova impressão.
Tema inesgotável da agenda pública, o debate sobre a desigualdade no Brasil é objeto de paixões desenfreadas. Discussões impetuosas, travadas ao sabor das conveniências de ocasião, quase sempre turvam diagnósticos abrangentes e necessários para a compreensão desse fenômeno.
A obra navega em direção contrária e procura caminhar além do terreno da especulação. Os 14 ensaios reunidos descrevem um panorama denso e complexo das trajetórias das desigualdades de 1960 a 2010. Além do rigor conceitual e da perspectiva ampliada, os autores partilham como ponto de partida a fidelidade aos dados estatísticos das seis edições dos Censos Demográficos produzidos pelo IBGE no período.
Divididos em cinco eixos principais - participação política; educação e renda; políticas públicas; demografia; mercado de trabalho -, os textos sistematizam a análise de um recorte da história brasileira bastante distinto econômica e politicamente. Em cinco décadas, um país rural, de uma realidade empobrecida distribuída quase homogeneamente em seu território, em que apenas 20% dos jovens com até 15 anos estudavam até quatro anos, tornou-se um Brasil urbano, de acesso quase universal ao ensino fundamental e com 11 anos a mais de expectativa de vida média.