Umberto Eco investiga a utopia da língua única e perfeita

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O pensador italiano maneja escritos de Agostinho, Dante, Descartes e Rousseau, e até mesmo tratados arcanos sobre cabala e magia, além da história do estudo da linguagem 

Filósofos, teólogos e místicos ocuparam-se, por pelo menos dois mil anos, com o pensamento de que em algum momento existiu uma linguagem que expressasse de forma perfeita e inequívoca a essência de todas as coisas e conceitos possíveis. E é essa utopia que o filósofo e escritor italiano Umberto Eco investiga em A buscada língua perfeita na cultura europeia, no rastro da tentativa de descobrir uma língua que fosse original, perfeita e única para toda a humanidade.

“A utopia de uma língua perfeita não constituiu uma obsessão apenas para a cultura europeia. O tema da confusão das línguas, bem como a tentativa de remediá-la mediante a descoberta ou invenção de uma língua comum a todo o gênero humano, perpassa a história de todas as culturas”, anota o autor. “Entretanto, o título deste livro estabelece um primeiro limite, e por isso as referências a civilizações pré ou extraeuropeias serão esporádicas e restritas”.

Classificado pelo próprio autor não como um livro de linguística ou semiótica, mas, sim, pertencente à categoria de “história das ideias”, Eco, sem defender um monolinguismo ou um poliglotismo, trabalha numa espécie de inventário dessa busca da língua perfeita e de suas reverberações no campo das ideias. Para isso, parte da língua anterior ao episódio da Torre de Babel e passa pelo projeto da Ars magna de Raimundo Lúlio. Da Idade Média ao Iluminismo, essa questão também foi uma das obsessões do Século das Luzes: uma língua que poderia ser lida facilmente estaria relacionada à realidade de todos e, consequentemente, promoveria a busca da verdade.

Umberto Eco ainda trafega pela hipótese indo-europeia, chegando às línguas internacionais auxiliares, como o esperanto, e demonstra a íntima relação existente entre língua e identidade. Eco apoia-se, ainda, nas palavras de Santo Agostinho, Dante, Descartes e Rousseau, e busca beber até em tratados arcanos sobre cabala e magia, além da história do estudo da linguagem e de suas origens.

Sobre o autor - Umberto Eco (1932-2016) foi filósofo, semiólogo e escritor. Autor de prolífica obra ficcional e ensaística, obteve notoriedade global, sendo considerado um dos principais intelectuais do século XX.

Título: A busca da língua perfeita na cultura europeia
Autor: Umberto Eco
Tradutor: Antonio Angonese
Número de páginas: 411
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 62,00
ISBN: 978-85-393-0763-0

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp