O ouvir da literatura pantaneira
Prova que a literatura popular existe sem formato de livro. É o resultado de três anos de coleta de relatos orais no Pantanal sul-matogrossense, quando foram ouvidas 27 pessoas em mais de 50 horas de gravação. Valoriza a cultura, a sociabilidade e a criatividade da região. Inclui mitos, lugares assombrados, lembranças da Guerra do Paraguai e histórias sobre vaqueiros e violeiros famosos. A primeira parte traz informações sobre os contadores de histórias e o método de pesquisa; a segunda apresenta as histórias transcritas, divididas em mitos, lendas, contos populares e "causos" sobre condução de bois e caçadas.
Frederico Augusto Garcia Fernandes nasceu na cidade de São Paulo (SP). No início da década de 1990, foi morar no município de Corumbá (MS), onde se graduou em Letras, pela UFMS. Iniciou suas pesquisas sobre oralidade em 1995, entrevistando vários pantaneiros, residentes em fazendas e na periferia de Corumbá. Em 1998, defendeu sua dissertação de mestrado pela Unesp-Assis, que deu origem a este livro. Atualmente é professor de Teoria Literária e Literatura e Ensino na Universidade Estadual de Londrina, onde desenvolve projetos ligados a poesia oral, leitura e ensino de literatura.
O livro A Voz e o Sentido é uma contribuição aos estudos de poesia oral com base em uma pesquisa de campo com vários narradores, realizada no pantanal sul-mato-grossense. Seu principal objetivo é ouvir os moradores ribeirinhos para compreender as maneiras de produção, manifestação, armazenamento e (re)significação do texto poético oral. A leitura dos relatos resulta numa tentativa de desatar a poesia oral dos grilhões da escrita e, para tanto, de compreendê-la em seu sentido dinâmico.
Filosofia e lingüística interagem ao longo deste livro. Inicialmente, são analisados Teeteto e Crátilo, diálogos de Platão. Em seguida, o estudo recai sobre o Curso de lingüística geral, de Ferdinand de Saussure. Ensaístas como Deleuze, Nietzsche, Hegel, Marx, Husserl e Merleau-Ponty também são ponto de referência para discutir qual é e como funciona a relação entre as palavras e as coisas. A obra ensina, acima de tudo, a duvidar de respostas fáceis e prontas, pois considera a filosofia a ciência da dúvida por excelência.
Estudo de características da prosa de ficção dos romantismos alemão e brasileiro, considerando as peculiaridades de cada movimento e as circunstâncias histórico-literárias em que surgiram. Abrangente e documentado com seriedade, o livro trata de questões relativas ao tema, como transcendência, subjetividade etc. de modo bastante claro e preciso, sendo de leitura agradável e de fácil compreensão mesmo para um público não especializado.
Oferece um fascinante mergulho na nossa mente, do ponto de vista de um arqueólogo. Percorre assim o processo da construção da inteligência moderna, verificando como o ser humano passou a ser capaz de fabricar instrumentos e de criar a arte e a religião.
O grande público não se interessa pela arte contemporânea, mas será que a arte contemporânea se interessa pelo público? É a partir de questões como essa – estampada no Museu D’Orsay, em Paris, anos atrás – que o escritor e crítico Affonso Romano de Sant’Anna instaura uma reflexão original em torno do que chama de a insignificância nas artes plásticas contemporâneas, ou seja, o fato de que as obras privilegiam a construção da não significação, em completa oposição à tradição não apenas das artes plásticas, mas das artes de modo geral. Avançando em discussões travadas em livros anteriores como Desconstruir Duchamp e O enigma vazio, e apoiado em contribuições de disciplinas diversas, com destaque para a antropologia, a linguística e a semiologia, o autor, nos dois ensaios que compõem este livro, propõe modos de interferir na confecção da própria história da arte, pensando em novos métodos para essa história, e assim questionando, por exemplo, qual é o lugar da transgressão na arte. Affonso Romano de Sant’Anna procura traçar o que identifica como a base gramatical do discurso atual das artes plásticas, compreender sua estrutura interna, de forma a refletir sobre esse discurso e, indo além, pensar e problematizar os próprios enigmas de nosso tempo.