Discurso e natureza em Jean de Léry, André João Antonil e Richard Francis Burton
Ao realizar uma abordagem histórico-cultural de três literaturas de viagens europeias ao Brasil, o autor evita a biografia laudatória, a explicação economicista ou a crítica literária, enfatizando permanências e mudanças, explícitas ou sutis, em diferentes formas de descrição do país. Obras do calvinista Jean de Léry, fascinado pela língua tupi-guarani; do padre jesuíta André João Antonil, pragmático em sua análise das riquezas nacionais; e do aventureiro Richard Francis Burton, com uma inesgotável energia para compreender e classificar tudo o que via no Novo Mundo, são analisadas como autênticas e complexas percepções da realidade, que abarcam do século XVI ao XIX.
Wilton Carlos Lima da Silva nasceu em Três Lagoas (MS) em 1965. Graduou-se em Ciências Sociais e fez mestrado em Sociologia na Unicamp e doutorado em História na Unesp, câmpus de Assis (SP). É professor do ensino médio e superior no interior do Estado de São Paulo.
A autobiografia deste notável inventor e engenheiro elétrico, responsável por revolucionárias invenções no campo do eletromagnetismo entre o fim do século XIX e o começo do XX, indica como seu legado de patentes e sua obra teórica formaram a base dos modernos sistemas de energia elétrica, inclusive o sistema polifásico de distribuição elétrica e o motor de corrente alternada, que contribuíram para o desenvolvimento da Segunda Revolução Industrial.
Este esforço de investigação é um capítulo particularmente interessante dos estudos históricos recentes sobre a escravidão, porque contém modulações importantes não apenas no estilo de conceber as relações familiares escravas, mas também de interrogar o passado e reescrever a história. Foi a incorporação de novos tipos de fonte que permitiu conhecer melhor o que, até então, era tido por incompatível com o cativeiro.
Escrever cartas revela o desejo de registrar acontecimentos, racional e afetivamente, para não esquecê-los, para estabelecer uma memória de si e dos outros. Nesse sentido, Simón Bolívar lidou com sua correspondência de forma dedicada e delicada porque esteve entre seus objetivos oferecer à posteridade um personagem: o homem público irretocável, desprovido de vida privada. Neste livro, Fabiana de Souza Fredrigo empreende a releitura desse epistolário e propõe múltiplos sentidos narrativos constitutivos do que denomina "memória da indispensabilidade". No interior dessa memória, Fredrigo constata a presença do ressentimento e da solidão de Bolívar, transformados em elementos retóricos que, por sua vez, permitiram à autora demonstrar os limites em compreender a conformação de uma nova cena histórica e o apego ao ideal da liberdade desse ator histórico que venezuelanos e colombianos alcunham el Libertador.
As cinco entrevistas compiladas neste volume não se limitam a discutir a prolífera produção do crítico Edward Said. Realizadas pelo jornalista David Barsamian entre 1987 e 1994, elas apresentam o homem detrás da obra, desvelando suas angústias e opiniões sobre um momento histórico impar para as relações entre Israel e a Palestina.
Em costas negras traz uma grande contribuição para a historiografia brasileira. Resultado de uma pesquisa sobre o tráfico atlântico de escravos, este livro retoma a perspectiva econômica e social para entender os complexos processos históricos brasileiros e atlânticos. Utilizando-se de vasta fonte documental – como listagens dos navios negreiros, testamentos e registros eclesiásticos –, Manolo Florentino propõe uma instigante análise do tráfico de africanos para o Rio de Janeiro dos séculos XVIII e XIX, oferecendo novos elementos para compreender a migração compulsória que, por mais de três séculos, representou uma das bases da formação histórica brasileira.