E a política econômica do governo Lula
A obra examina vários aspectos da conjuntura econômica internacional e nacional, com base na análise de variáveis importantes, como a relativa às transformações sintetizadas pela globalização, que se traduz em uma crescente liberalização financeira e cambial. Analisam-se também os efeitos das políticas econômicas sobre o desempenho da economia brasileira, no período recente. Como seu objetivo central é discutir questões amplas, este livro não evita o tema das comparações entre os resultados obtidos durante os governos FHC e Lula, mas procura fugir da superficialidade do debate partidário e eleitoral.
Ricardo Carneiro é professor do Instituto de Economia da Unicamp.
Ao tratar do desenvolvimento, da crise e da desaceleração da economia brasileira, entre meados da década de 1970 e os anos 1990, o professor Ricardo Carneiro (IE-Unicamp) ressalta a combinação dos diversos fatores internacionais e domésticos que funcionaram como elementos de obstáculo ou de estímulo ao crescimento econômico nacional. Este livro analisa variáveis como o acesso a tecnologias produtivas dominantes, a organização das finanças e a disponibilidade de financiamentos internacionais, que, somadas a fatores internos, como o papel do Estado e a sua intervenção direta na economia e na articulação com o setor privado, estabeleceram os perfis da economia brasileira nas últimas décadas. O cenário resultante é essencial não só para a definição do perfil da economia brasileira contemporânea, mas também como baliza e alerta para estratégias de desenvolvimento do país.
Os artigos que compõem este livro compartilham uma perspectiva comum: a de entender a trajetória histórica de qualquer economia como a síntese de aspectos estruturais, cíclicos e de política econômica. E esse ponto de vista não poderia ser esquecido e tampouco minimizado ao se examinar a experiência recente de desenvolvimento econômico do Brasil, durante os governos Lula e Dilma, com especial destaque para este último período. O seu título, Para além da política econômica, procura exatamente destacar essa abordagem, presente em todos os seus capítulos. A sua recusa a interpretações, ortodoxas ou heterodoxas, para as quais os equívocos na gestão da política econômica responderam, primordialmente, pela desaceleração e crise do experimento desenvolvimentista constitui o traço de união dos vários textos.
O início dos anos 1980, em especial os períodos compreendidos pela era Reagan e pela era Tatcher, assinala um retumbante retorno ao liberalismo. Velhos dogmas voltam ao primeiro plano da ideologia econômica, retomando seu prestígio, tendo o princípio do livre-mercado como o único mecanismo eficiente de regulação. São passados em revista temas como: o período keynesiano, as novas correntes liberais, as teorias do mercado sem crises, o Estado-providência, o corporativismo, o desemprego, a depreciação do trabalho e as dificuldades dos países em desenvolvimento.
Nos setenta anos de sua existência, o sistema multilateral de comércio, criado para dinamizar a economia internacional e aplacar as rivalidades entre as nações depois da Segunda Guerra, passou por inúmeras transformações. A mais importante delas deu-se na última década do século passado e teve como expressão mais visível a criação da Organização Mundia de Comércio (OMC). Ao cabo de uma longa rodada de negociações internacionais, a abrangência do sistema multilateral de comércio foi muito ampliada e sua filosofia de base sofreu mudanças significativas. Hoje, frustradas por mais de 15 anos todas as tentativas de concluir outra rodada de negociações com vistas à geração de novas normas, esse sistema parece estar vivendo um momento crítico. Reforçam essa impressão a enorme quantidade de acordos comerciais celebrados, ou em negociação, fora da OMC, e a crítica contundente formulada contra o comportamento dessa organização pelas autoridades dos Estados Unidos. Apoiado em forte argumento teórico, nesta obra Sebastião C. Velasco e Cruz mobiliza vasta e diversificada documentação para analisar em detalhes o papel desempenhado pelos Estados Unidos em todas as etapas desse longo processo. Ganha destaque ainda neste trabalho o esforço continuado dos países em desenvolvimento – frequentemente sob a liderança do Brasil e da Índia – pela criação de condições institucionais favoráveis ao avanço de suas economias e à superação dos graves problemas que afetam suas sociedades.
Em As ideias e os fatos, Frederico Mazzucchelli reúne ensaios escritos com o esteio da teoria e da história. Na primeira parte, analisa os grandes paradigmas da realidade capitalista (formulados por Adam Smith, Karl Marx, Nassau William Senior, William Stanley Jevons, Léon Walrase John Keynes) e dedica-se à contribuição original de Maria da Conceição Tavares para o pensamento econômico brasileiro. Nos textos históricos, o autor versa sobre as grandes estruturações do capitalismo mundial a partir de meados do século XX: a ordem liberal burguesa, o interregno instável do entreguerras, o consenso reformista do pós-guerra e a avalanche neoliberal dos últimos quarenta anos.