O historiador Koselleck talvez seja também o mais eminente “filósofo do tempo” do final do século XX: ao historicizar o cronótopo do “tempo histórico”, permitiu-nos olhar o tempo como uma dimensão da existência humana de uma forma nova, elementar e antropológica. "Uma latente filosofia do tempo" apresenta quatro ensaios do autor, um dos mais importantes pensadores alemães da segunda metade do século XX, nos quais ele reflete sobre o papel do indivíduo, de suas experiências e da linguagem na construção da história.
Reinhart Koselleck (1923 - 2006) foi um historiador alemão do pós-guerra, destacando-se como um dos fundadores e o principal teórico da história dos conceitos.
Hans Ulrich Gumbrecht é Professor Emeritus em Literatura da Universidade de Stanford e Presidential Professor de Literatura Românica da Hebrew University, em Jerusalém. Pela Editora Unesp, publicou Depois de 1945:latência como origem do presente (2014) e Nosso amplo presente:o tempo e a cultura contemporânea (2015).
Thamara de Oliveira Rodrigues é professora efetiva do curso de História da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
No presente livro, Gumbrecht procura retomar algumas ideias como as dimensões da presença e do tempo presente, suas contradições e complexidades, analisando, a partir dessa perspectiva, os fenômenos culturais e sociais da contemporaneidade. Dialogando com intelectuais como Reinhart Koselleck e Michel Foucault, Gumbrecht percorre o domínio da filosofia da linguagem para enriquecer suas observações cotidianas à medida que transita entre cenários díspares como a Disneylândia, uma pequena cidade na Louisiana e o centro de Viena, produzindo impressionantes esboços de nossa ampla presença no mundo.
Depois de 1945 combina o relato autobiográfico a um sobrevoo sobre a história alemã e a história mundial após a Segunda Guerra Mundial, oferecendo reflexões perspicazes sobre Samuel Beckett e Paul Celan, uma exegese detalhada do pensamento de Martin Heidegger e Jean Paul Sartre e análises insuspeitadas sobre fenômenos culturais que vão de Edith Piaf até o Relatório Kinsey. Essa incursão pessoal e filosófica sobre o século passado lança cores e luzes sobre a análise de nossa identidade atual.
Os ensaios deste livro do historiador François Dosse discutem, entre outras coisas, a questão da identidade nacional tal como ela orientou o discurso histórico francês até o começo do século XX e o seu abandono sob a égide das ciências sociais e do estruturalismo; a importância da hermenêutica de Paul Ricoeur para o historiador ou ainda as interpretações de Maio de 68 e a influência exercida por aquele acontecimento-ruptura sobre a disciplina histórica. O autor analisa também a trajetória de alguns dos principais representantes da Nova História, como Georges Duby, Fernand Braudel e François Furet, e se detém sobre luminares do pensamento estruturalista, como Roland Barthes, Jacques Lacan e Michel Foucault. Apesar da diversidade aparente dos temas, os textos retomam as preocupações de François Dosse para com o estruturalismo e suas relações com a história (e seu esfacelamento).
Paul K. Feyerabend, um dos filósofos da ciência mais citados e controvertidos de nosso tempo, completou sua biografia em seu último mês de vida. Em um estilo límpido e vibrante, o autor evoca sua família, a ascensão do nazismo, a Segunda Guerra Mundial e cenas do teatro, da música lírica, dos trabalhos da filosofia da ciência, as mulheres de sua vida e suas relações com alguns dos intelectuais mais importantes deste século: Brecht, Wittgenstein e Popper.
As relações entre Jean Piaget (1896-1980) e os filósofos nem sempre foram pacíficas. Nesta sugestiva e harmoniosa reunião de textos, Barbara Freitag, conhecida socióloga alemã e freqüente colaboradora das universidades brasileiras, examina a obra do criador do Centro de Epistemologia Genética de Genebra, à luz do grande racionalismo ocidental. Os pensadores aqui examinados são Rousseau, Kant e Habermas. Do desenho que se traça de Piaget como antigo filósofo e de Piaget como futuro filósofo, o que acaba sobressaindo, em meio às tendências irracionalistas correntes, é um claro perfil de Piaget como filósofo, com o que o presente livro se revela um importante instrumento crítico para a reavaliação das numerosas "leituras" de Piaget que se fazem no Brasil.