Henrique VIII, autor de um tratado teológico, oponente mortífero, fundador de uma religião, amante das guerras e das festas, confiscador de bens eclesiásticos, é muito mais do que o rei com seis esposas. Em todos os campos, prevaleceu sua paixão pelo poder. Mas, para além do anedótico, há um mar de complexidades em torno dessa figura central para o século XVI europeu, no qual Georges Minois mergulha neste livro, convidando o leitor a acompanhá-lo.
Georges Minois é professor de História e historiador das mentalidades religiosas. Dele, a Editora Unesp publicou História do riso e do escárnio (2003), A idade de ouro (2011), História do ateísmo (2014), História do futuro (2016), História do suicídio (2018), História da solidão e dos solitários (2019), As origens do mal (2021), Henrique VIII (2022), História do inferno (2023) e História da Idade Média (2023).
O objetivo do historiador francês Georges Minois é reencontrar as maneiras como o ser humano utilizou o riso ao longo da História. O humor, para o autor, é, portanto, um fenômeno que pode esclarecer, em parte, a evolução humana. O riso é uma das respostas fundamentais do ser humano perante o dilema da existência. Verificar como ele foi e é utilizado ao longo da História constitui o objetivo deste livro. Exaltar o riso ou condená-lo, para o autor, revela a mentalidade de uma época e sugere uma visão de mundo, podendo contribuir para esclarecer a própria evolução humana.
A atitude descrente é um componente fundamental, original, necessário e, portanto, inevitável em qualquer sociedade. Por isso tem obrigatoriamente um conteúdo positivo, e não se reduz unicamente à não crença. [...] É uma posição que acarreta escolhas práticas e especulativas autônomas, que tem portanto sua especificidade e sua história.
“Não tento decidir sobre o que é um símbolo, o que é uma alegoria, nem como encontrar a boa interpretação, mas compreender, e se possível manter, o complexo e o plural.” É assim que Todorov demarca sua ambição neste livro, no qual, para falar do fenômeno da simbólica da linguagem, percorre disciplinas como a lógica, a poética, a retórica e a hermenêutica, em espaços e temporalidades diferentes, como a antiga tradição hindu, ou a exegese patrística e a filologia. Os exemplos textuais de que se vale são também variados, passando por Tolstoi, São João da Cruz, Maeterlinck, Henry James, Flaubert, Baudelaire, Rimbaud, Nerval e Kafka. Obra esclarecedora, que estabelece de forma precisa os diálogos entre esses vários estudos, entrelaçando os campos da produção e da recepção do simbólico na linguagem.
O leitor deve estar curioso sobre o que esperar do último livro escrito por Jacques Le Goff, falecido em 2014. A resposta mais simples seria “coerência”. Sem se desviar da visão historiográfica que marcou sua longa e prolífica carreira, especialmente como medievalista, o autor já planteia no título do livro a pergunta-mote de sua reflexão central nesta obra, a respeito da necessidade de estabelecer “períodos”, “partes”, “pedaços” ou “fatias” da História para que seja possível identificar e tentar compreender as continuidades e rupturas que marcaram a trajetória da humanidade.
Se a idade de ouro nunca existiu – a não ser na imaginação – nem se avizinha, por que a felicidade é, mais que nunca, uma exigência massacrante? E o que buscar neste início de século, quando as referências se desmembram e a existência perde o sentido? Eis uma obra que revisita – desde a Antiguidade até os tempos correntes – a história da procura por essa felicidade. Nunca conquistada, mas exaustivamente procurada.