Sorte do leitor que tem em mãos este livro. "Papéis de poesia II" proporciona momentos de deslumbramento ao percorrer as veredas da poesia, mapeadas pelas sábias e sensíveis mãos do autor. O título já antecipa seu assunto: a poesia. A propósito, Antonio Carlos Secchin compartilha com seus leitores variadas maneiras de ler, de discutir e – até! – de escrever poesia. Devassa bastidores de alguns de seus poemas, apresenta o percurso de suas leituras de poemas alheios e não hesita em discutir aspectos gerais da poesia. Em tudo e por tudo isso, propõe um belo passeio pelo território da poesia que, como diz Secchin, é “linguagem descompromissada com o caráter utilitário da palavra”. Marisa Lajolo
Antonio Carlos Secchin é professor emérito de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Letras pela mesma universidade. Poeta, autor vários livros, entre eles Desdizer (2017), poesia reunida. Em 2018, publicou a obra infantil O galo gago, que recebeu o Selo 10 da Cátedra de Leitura da Unesco. No mesmo ano, lançou Percursos da poesia brasileira: Do século XVIII ao XXI, ganhador do Prêmio APCA de ensaio. Foi eleito em 2004 para a Academia Brasileira de Letras. Em 2013, a Editora da UFRJ publicou Secchin: uma vida em letras, sobre a sua trajetória. Em 2019, recebeu o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, da Academia Carioca de Letras, pelo conjunto da sua obra.
O leitor deste volume certamente concordará com João Cabral, que admirava a produção poética e crítica de Antonio Carlos Secchin. "Papéis de prosa" reúne discursos acadêmicos, entrevistas, uma reflexão sobre a língua portuguesa e ensaios sobre a literatura brasileira, com destaque à obra de Machado de Assis. As análises percorrem os meandros de cada texto em busca de novas relações simbólicas. Em seu conjunto, são recortes pensados e elaborados por um olhar agudo, e escritos com senso plástico e concisão: faca só lâmina. Para o deleite do leitor, a minuciosa mirada analítica de Secchin é movida por um sopro lírico, tornando esses ensaios uma prosa também poética. Milton Hatoum
As cinco entrevistas compiladas neste volume não se limitam a discutir a prolífera produção do crítico Edward Said. Realizadas pelo jornalista David Barsamian entre 1987 e 1994, elas apresentam o homem detrás da obra, desvelando suas angústias e opiniões sobre um momento histórico impar para as relações entre Israel e a Palestina.
Este livro contém dezesseis ensaios escritos por Todorov entre 1964 e 1969, em que o autor analisa os entrelaçamentos teóricos que emanam de análises sobre literatura e linguagem – é impossível compreender a literatura sem o olhar que se volta a seu componente poético, minimalista, ao passo que o estudo linguístico só se completa em face dos desdobramentos literários ensejados pela linguagem.
Estudo de características da prosa de ficção dos romantismos alemão e brasileiro, considerando as peculiaridades de cada movimento e as circunstâncias histórico-literárias em que surgiram. Abrangente e documentado com seriedade, o livro trata de questões relativas ao tema, como transcendência, subjetividade etc. de modo bastante claro e preciso, sendo de leitura agradável e de fácil compreensão mesmo para um público não especializado.
Este estudo revela a importância de pregadores imperiais como gênese de uma intelectualidade brasileira, no início do século XIX. Ele demonstra o papel fundamental da oratória sagrada no Brasil oitocentista, em um tempo onde o analfabetismo era imenso, e a palavra falada, o principal mote às discussões locais. A Corte havia chegado recentemente, o sistema administrativo estava ainda em formação, e as igrejas constituíam os poucos espaços que reuniam a população. A par de um fervor religioso, forma-se também um sentido de identidade nacional, que vem a originar a construção de um discurso brasileiro.