Práticas culturais, linguagem e tessitura da amizade
Neste livro - apoiando-se em cartas escritas por grandes nomes da literatura brasileira, como as de Mário de Andrade a Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, as de Anita Malfatti, de Portinari, de Fernando Sabino e de tantos outros -, Maria Rosa de Camargo nos oferece um belo estudo sobre a prática epistolar de pessoas comuns que, em tese, não representariam lugares sociais de importância na história de uma nação. A autora faz uma bela análise sobre como essas pessoas percebem a "ideologia do cotidiano" e, muito além disso, registram "vestígios de sua versão do mundo e da cultura". Ao adentrar nas relações sociais e nas artimanhas da escrita de cartas pessoais, esta obra revela competência ao persuadir e envolver o leitor com uma análise que transita entre o fazer científico e a criação literária, oferecendo-nos um texto exemplar, valorado sobretudo por sua notável elegância e simplicidade.
Possui graduação em Ciências (1974) pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC) e em Pedagogia (1987) pela Universidade Estadual de Campinas; mestrado (1994) e doutorado (2000) em Educação pela Unicamp e pós-doutorado (2008) na Universidade de Barcelona (Espanha). Atualmente é professora-assistente no Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), atuando na graduação e na pós-graduação. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: leitura, ato de escrever, edu¬cação de jovens e adultos, escrita e práticas culturais.
Escrever cartas revela o desejo de registrar acontecimentos, racional e afetivamente, para não esquecê-los, para estabelecer uma memória de si e dos outros. Nesse sentido, Simón Bolívar lidou com sua correspondência de forma dedicada e delicada porque esteve entre seus objetivos oferecer à posteridade um personagem: o homem público irretocável, desprovido de vida privada. Neste livro, Fabiana de Souza Fredrigo empreende a releitura desse epistolário e propõe múltiplos sentidos narrativos constitutivos do que denomina "memória da indispensabilidade". No interior dessa memória, Fredrigo constata a presença do ressentimento e da solidão de Bolívar, transformados em elementos retóricos que, por sua vez, permitiram à autora demonstrar os limites em compreender a conformação de uma nova cena histórica e o apego ao ideal da liberdade desse ator histórico que venezuelanos e colombianos alcunham el Libertador.
Citado na Renascença como “o filósofo risonho” e em nossa época como o “profeta de Quark”, Demócrito (460 - 370 a.C.) é pouco conhecido no decorrer da moderna tradição filosófica. É notável por suas investigações para muito além da Física e da Química, até a exploração da ciência da existência como um todo, como deixa ver esta instigante introdução de Cartledge.
Os organizadores desta obra, os historiadores reuniram artigos, ensaios e depoimentos de pesquisadores, militantes e contemporâneos do líder político, além de textos do próprio Marighella, até hoje de difícil acesso. Os artigos destacam a coragem pessoal, a capacidade de liderança, a integridade, a generosidade política e pessoal de Marighela, sem no estanto mistificá-lo, procurando sempre incorporar criticamente o seu legado político.
Antes mesmo de sua morte trágica, Che Guevara já suscitava as paixões e as imagens provocadas pelos mitos. Da selva latino-americana à conturbada Paris de 1968, da Cuba revolucionária aos câmpus universitários de todo o mundo, a figura do Che consubstanciava ideais e sonhos que transcediam o homem e a época. Alcançar uma avaliação balanceada desse personagem intrinsicamente polêmico, objeto constante de admiração e rancores, é o desafio enfrentado brilhantemente por Olivier Besancenot e Michael Löwy.
Radicado no Brasil a partir de 1954, Casais Monteiro aqui se estabelece após extensa obra veiculada em Portugal, marcada principalmente por ensaios e críticas literárias. Divulgador de nossa moderna literatura, o intelectual português é apresentado por um conjunto de textos – alguns deles inéditos – selecionados que procuram contemplar seu multifacetado campo de atuação e registrar suas relações com os escritores brasileiros.