Arte da cozinha brasileira reúne cerca de dois mil verbetes com definições diretas, sucintas, relatando uma ou outra curiosidade, sem fatigar o leitor com referências numerosas. Com humor e erudição, Leonardo Arroyo e Rosa Belluzzo fornecem um panorama das matrizes culturais do nosso vocabulário à mesa.
Leonardo Arroyo (1918 – 1986) foi jornalista, contista, ensaísta, autor de livros infantis e poeta. Editor da página de cultura da Folha de S. Paulo por muitos anos, integrou a Comissão de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado e dirigiu o Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, função em que realizou diversas atividades que lhe renderam o título de Personalidade Musical de 1968, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Rosa Belluzzo é autora de vasta produção na área de história da alimentação. Seus livros lhe renderam muitos prêmios no Brasil e no exterior. Publicou, pela Editora Unesp, São Paulo: memória esabor (Prêmio da Académie Internationale de la Gastronomie em 2009); Machado de Assis: Relíquias culinárias (1° lugar no Prêmio Jabuti 2011); Arte da Cozinha Brasileira (com Leonardo Arroyo, 2013, prêmios da Academia Internacional de Gastronomia e da Academia Brasileira de Gastronomia); e Mil e uma noites, mil e uma iguarias (2019).
O Rio de Janeiro da virada do século XIX é o cenário deste livro de Rosa Belluzzo, que nos convida a um passeio pela obra de Machado de Assis e suas referências gastronômicas. Arguto observador de sua época, o fundador da Academia Brasileira de Letras vivenciou as grandes metamorfoses da sociedade fluminense. As inovações geradas durante o Segundo Império e a nascente República foram acompanhadas pelo florescimento de cafés, restaurantes e confeitarias. Uma nova sociabilidade urbana se insinuava, com saraus, teatros e clubes sociais, em meio ao ranço patriarcal rural de outrora. Machado participava ativamente dessa vida cultural incipiente, da qual não falta um cintilante avanço da sofisticação gastronômica. Não por acaso, despontam na obra do cronista os novos hábitos culinários, como o serviço de mesa à francesa, registrado no conto “As bodas de Luís Duarte”, ou a presença de estrangeiros contratados como cozinheiros, observada em Quincas Borba. A partir dos textos de Machado, de comentaristas e de historiadores, Rosa Belluzzo revisita as impressões e os sabores que o escritor experimentou. Com o auxílio de farta iconografia da época e de receitas então apreciadas, a obra avança no conhecimento da história cultural dos tempos machadianos. Assim, permite vislumbrar algo desse período e, no autor genial, o ser humano que partilhou dores e prazeres (inclusive culinários).
Tema de simbolismo tão marcante na identidade de São Paulo, a alimentação é apresentada neste livro como um acompanhamento das informações sobre a história da ocupação e da formação da sociedade paulistana. Rosa Belluzzo demonstra como fusões, associações e confluências de temperos, alimentos, modos de preparo, apresentação e utensílios associados definiram pratos que, em mais de quatrocentos anos, são a identidade da cidade e da região.
Leonardo Arroyo (1918-1986) foi jornalista, contista, ensaísta, autor de livros infantis e poeta. Dentre seus diversos livros publicados está Literatura infantil brasileira, lançado originalmente em 1968. Intensamente lido e citado por quantos se interessam pelo tema, esse texto apresenta um vasto panorama da literatura nacional que circulou entre as crianças brasileiras, tomando por ponto de partida a literatura oral e chegando até a produção de Monteiro Lobato.
Recuperando elementos das origens d’As mil e uma noites, este conjunto narrativo portentoso e que desempenhou um papel de imenso relevo para o próprio conhecimento do Oriente por parte do Ocidente, Rosa Belluzo nos leva ao potentado do califa Haroun al-Rashid (763-809), um personagem recorrente dos contos narrados por Sherazade. Foi durante seu califado, em Bagdá, então capital do Império Abássida e cidade com localização privilegiada, entre os rios Tigre e o Eufrates, que a elite árabe deu início ao verdadeiro culto à boa culinária. Trazendo-nos receitas variadas, doces e salgadas, Rosa Belluzo nos leva a um mergulho nas especiarias, aromas e cores da culinária das Arábias. Muito mais que um livro de receitas, trata-se de uma imersão nesse universo sedutor, em sua história e em seus costumes, tudo entremeado com várias das mil e uma narrativas.
Recuperando elementos das origens d’As mil e uma noites, este conjunto narrativo portentoso e que desempenhou um papel de imenso relevo para o próprio conhecimento do Oriente por parte do Ocidente, Rosa Belluzo nos leva ao potentado do califa Haroun al-Rashid (763-809), um personagem recorrente dos contos narrados por Sherazade. Foi durante seu califado, em Bagdá, então capital do Império Abássida e cidade com localização privilegiada, entre os rios Tigre e o Eufrates, que a elite árabe deu início ao verdadeiro culto à boa culinária. Trazendo-nos receitas variadas, doces e salgadas, Rosa Belluzo nos leva a um mergulho nas especiarias, aromas e cores da culinária das Arábias. Muito mais que um livro de receitas, trata-se de uma imersão nesse universo sedutor, em sua história e em seus costumes, tudo entremeado com várias das mil e uma narrativas.