Data de muito tempo no Brasil o início do registro de cenas em película. No entanto, embora tenha havido iniciativas de grande envergadura na área cinematográfica, tais experiências naufragaram em maior ou menor grau entre 1930 e 1966 (ano da criação do Instituto Nacional de Cinema), período investigado mais detalhadamente pelo presente estudo. Em busca de compreender por que o cinema não se desenvolveu aqui na mesma proporção de outros países, a autora recolhe e analisa, a partir dos vestígios desses naufrágios, elementos reveladores e surpreendentes da trajetória da sétima arte em nosso país, na qual o Estado esteve intimamente imbricado. O objetivo do livro não é retraçar a relação entre Estado e cinema no Brasil até o momento presente, mas sim identificar e comparar tal relação em dois momentos políticos distintos, o regime autoritário e a democracia. São trabalhados em detalhe os aspectos políticos relacionados à economia e à legislação cinematográfica. O leitor interessado em cinema brasileiro encontrará nesta terceira edição ampliada do estudo de Anita Simis profunda reflexão e pesquisa sobre o desenvolvimento pregresso do cinema brasileiro, que são preciosos insumos para a análise do atual momento da nossa indústria cinematográfica.
Anita Simis nasceu em São Paulo. Formada em Ciências Sociais pela USP e doutora em Ciência Política pela mesma instituição (1993), é livre-docente em Sociologia da Comunicação pela Unesp desde 2010. Atua na área de Sociologia da Comunicação, com ênfase em política cultural, política cinematográfica, televisão, rádio, produção independente e indústria cultural. Em 2007, o livro Estado e cinema no Brasil recebeu o Prêmio Rumos Pesquisa: Gestão Cultural, oferecido pelo Itaú Cultural.
Ao ensejo do ano da França no Brasil, este livro reúne artigos que analisam a presença de imigrantes franceses em território brasileiro. Ao trabalhar extensivamente questões relativas às modalidades de instalação, inserção profissional e social, torna-se elemento precioso e inédito no campo de pesquisa da emigração/imigração francesa no Brasil nos séculos XIX e XX.
Este livro foi escrito para as pessoas interessadas em conhecer o Brasil agrário de fato. A forte propaganda do agronegócio que se apresenta como modelo absoluto ignora ou descaracteriza o outro modelo agrícola, formado pelo trabalho familiar, de produção em pequena escala e responsável pela segurança alimentar de nosso país. Esses modelos não se coadunam. Em nossas investigações analisamos as disputas entre esses dois modelos de desenvolvimento da agricultura através do debate paradigmático para compreender suas conflitualidades. O leitor perceberá que contestamos a visão linear do paradigma do capitalismo agrário que simplifica a leitura da realidade do campo, tentando incluir todas as relações dentro do modelo denominado agronegócio. De fato, a agricultura é muito mais complexa que o agronegócio e só pode ser compreendida por meio dos antagonismos entre as classes sociais. A análise dos usos da terra é uma maneira de entender como frações
do território agrícola são disputadas para a execução de diferentes modelos de desenvolvimento. Este trabalho revela os paradoxos dessas disputas de modelos e de territórios que geram permanentes tensões. Aqueles que garantem a segurança alimentar são os que dominam a menor fração do território, embora sejam os que geram mais postos de trabalho. Exploram-se aqui as contradições dessa realidade, discorrendo também sobre os stakeholders que fazem parte desse
processo. Cabe, porém, alertar aos leitores que não oferecemos soluções para a questão da conflitualidade, porque ela é da natureza do sistema. Os políticos partidários podem dizer que a questão agrária será solucionada, mas cientificamente é impossível afirmar que o capitalismo conseguirá superar as desigualdades e as destruições que ele gera. A destruição do campesinato é um processo em marcha, em progresso, portanto a luta pela terra e pela reforma agrária é um tema
permanente, que pode ser abafado, mas não esgotado. E, no Brasil, foram os sem-terra, principalmente, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que conduziram um processo de reterritorialização do campesinato ou recampesinização pelas ocupações de terra. Todavia, o fato da recriação não garante a autonomia; ao contrário, a subordinação tem sido o caminho que os assentados têm percorrido nesta longa marcha da resistência camponesa. Nas duas últimas décadas, o agronegócio se territorializou mais rapidamente tanto nas terras dos latifúndios, como nas terras dos camponeses ou na agricultura familiar. As mudanças na matriz energética ampliaram os processos de expansão das commodities, inclusive com o aumento da estrangeirização da terra, sendo um dos fatores que fez refluir a reforma agrária. Essas são algumas das questões tratadas neste livro, que propõe uma nova interpretação para que os leitores entendam a realidade agrária contemporânea à luz de um longo processo histórico.
Este livro trata de uma das mais importantes publicações brasileiras do início do século, de sua origem em 1916 até o fim de sua fase principal em 1925. A autora analisa A Revista do Brasil não apenas como fato editorial, mas como veículo de divulgação das propostas da intelectualidade no período, cuja influência foi decisiva na determinação dos rumos da construção nacional.
História do esporte no Brasil: do Império aos dias atuais vai além do esforço de preservaçao da memória, como a maioria dos titulos escritos por praticantes ou jornalistas que acompanham determinada modalidade esportiva. Resultado do amadurecimento das investigações científicas que dedicam um olhar mais cuidadoso ao esporte, este livro organizado por Mary Del Priore acompanha os novos estudos históricos que têm como objetos de investigação as práticas corporais institucionalizadas (esportiva, ginástica, Educação Física, capoeira).
O conjunto de textos reunidos nesta obra possibilita a compreensão de como vem se desenvolvendo a história da alfabetização no Brasil e como se vem constituindo o campo correspondente de conhecimento. Essa história e esse campo de conhecimento, de acordo com os autores, estão centrados em um conceito brasileiro de alfabetização, entendido como processo de ensino e aprendizagem iniciais da leitura e da escrita, que envolve diferentes facetas.