Um subgênero de sucesso
Desde o século XIX, com o célebre detetive Auguste Dupin, de Edgar Allan Poe, e a extensa cadeia de personagens e narrativas de mistério que em maior ou menor medida descenderam dali – passamos, nesse prolífico percurso, por Conan Doyle, Agatha Christie, Raymond Chandler, só para citar alguns autores –, o gênero policial foi se consolidando e, enquanto expandia progressivamente seu público, matizava-se e assumia novas formas.
Este estudo, fruto de longa pesquisa a partir dos livros mais vendidos no Brasil no início do século XXI, debruça-se sobre o romance policial “místico-religioso”, subgênero definido por Fernanda Massi que se distancia um pouco das características tradicionais do romance policial: nessas tramas, o crime se conecta a um segredo ligado a um núcleo místico-religioso, em geral protegido por uma sociedade fechada e secreta às voltas com o que ela supõe ser um inimigo ameaçador. O repórter/investigador (que em tais obras nunca é chamado de detetive) busca uma verdade que supera a identificação do criminoso, tendo como alvo principal o segredo motivador dos crimes. Outra característica singular é a tentativa, quase frequente, de desmoralização da Igreja Católica. Isto ocorre através da oposição /ocultação/ vs. /revelação/ de um segredo, fazendo que esse subgênero tenha grande sucesso de público, uma vez que promete revelações surpreendentes sobre essa poderosa instituição.
Autor deste livro.
O livro analisa e interpreta algumas cartas de Guy de Maupassant (1850-1893) no conjunto de sua correspondência, constituída de aproximadamente oitocentas unidades escritas entre 1862 e 1891. Desse modo, procura-se focalizar as missivas escolhidas com base em sua estrutura narrativa, sua enunciação, sua função, sua finalidade, elementos esses que transformam a correspondência em uma miríade de textos ecléticos, sendo abordadas também algumas questões teóricas da arte epistolar, contribuindo dessa forma para a elaboração de um discurso crítico no campo da epistolografia, campo em expansão, mas ainda carente de estudos teóricos no Brasil.
Affonso Romano de Sant'Anna recompõe neste livro seu percurso como ensaista, lançando um olhar atualizado sobre a produção crítica, literária e acadêmica do país. Revisita os caminhos que o levaram a incorporar a estilística, o estruturalismo, a teoria da carnavalização e a psicanálise em sua experiência universitária. Refere-se também a sua experiência em jornais, assinalando as vocação multidisciplinar e polêmica que o levaria ao reestudo tanto do Barroco quanto da Arte Contemporânea.
A produção social da escrita reúne quase duas décadas de reflexões de Williams, coligindo palestras e ensaios realizados entre 1964 e 1983. Seus trabalhos examinam estilos literários e autores específicos: a forma dramática e a linguagem de Racine e Shakespeare; a ficção inglesa em 1848; David Hume, Charles Dickens e a transformação da prosa inglesa. O volume inclui, ainda, ensaios sobre a tradição dos estudos literários em Cambridge e sobre o papel da região e da classe no romance.
A obra de Lima Barreto e a visão do escritor sobre a mulher e o negro; o amor, da perspectiva do personagem Riobaldo, de Guimarães Rosa; o livro Cadeiras proibidas, de Ignácio de Loyola Brandão, segundo um conceito literário surgido ainda na antiguidade; a letra da música Feijão maravilha, de Gonzaguinha, à luz do processo dialético da aprendizagem. Estes são alguns dos vários temas de que Carlos Erivany Fantinati se ocupa nesta obra, sintetizando sua longa carreira acadêmica.
Publicado em 1920, 18 anos depois de Os sertões, de Euclides da Cunha, oferece uma fascinante visão dos diversos episódios que envolvem o beato Antônio Conselheiro, uma das figuras mais controversas da história brasileira em sua ambivalente posição de herói de multidões politicamente reprimidas e/ou de fanático religioso.