Especialista no estudo da história da escrita, o autor reúne cinco ensaios que mostram como o mundo digital está alterando a relação do leitor com o texto impresso. A ação da comunicação eletrônica sobre as publicações tradicionais é questionada. O próprio conceito de livro, para o pesquisador francês, está sofrendo transformações perante a revolução tecnológica propiciada pela comunicação via Internet e pela leitura cada vez mais comum de textos diretamente na tela do computador. Presente e futuro do livro e da escrita são personagens centrais destes ensaios cintilantes.
O historiador Roger Chartier é especialista em história do livro, da edição e da leitura. Professor emérito no Collège de France, foi titular, entre 2007 e 2016, e da cátedra Écrit et cultures dans l’Europe moderne. Dirigiu com Henri-Jean Martin a Histoire de l’édition française, em quatro volumes (Fayard, 1989-1991). Pela Editora Unesp, publicou A aventura do livro – do leitor ao navegador (1998), Os desafios da escrita (2002), Leituras e leitores na França do Antigo Regime (2004), Inscrever & apagar (2007), A mão do autor e a mente do editor (2014) e Editar e traduzir (2022).
A proposta deste livro não é oferecer respostas prontas ou explicar a Revolução Francesa. Pelo contrário, trata-se de um ensaio feito para propor questionamentos. Para isso, são revistos numerosos textos de diversos autores em busca de um amplo entendimento do universo mental, cultural e político dos franceses durante o século XVIII. O autor se fundamenta na convicção de que o conhecimento e as formas de obtê-lo mudaram muito nos últimos 50 anos. Alia-se a isso o fato de que as origens da Revolução precisam ser constantemente colocadas sob novas perspectivas. Isso gera uma reflexão diferente, polêmica, criativa e intelectualmente enriquecedora.
Historiador da filosofia conhecido sobretudo por seus estudos sobre Rousseau e Montaigne, Jean Starobinski retoma aqui a análise da gênese ideológica da Revolução Francesa. Rastreando a formação do conceito moderno de liberdade pelo imaginário estético do século XVIII, Starobinski restitui a complexidade do ideário que animou esse importante fato histórico. Análises iconográficas e textuais aparecem entrelaçadas a fim de possibilitar a compreensão das modalidades de interação entre filosofia e imaginário.
Obra que faz parte da série de entrevistas com grandes historiadores. Roger Chartier, professor e especialista em História da Leitura, reconstrói a história do livro, desde seu início na Antigüidade até a era da navegação na Internet. Fartamente ilustrada, esta entrevista demonstra como a história do livro é tributária tanto dos gestos violentos que a reprimiram quanto da lenta conscientização da força da palavra escrita.
São as múltiplas relações entre inscrição e esquecimento, entre traços duráveis e escritas efêmeras, que este livro deseja elucidar, detendo-se na forma segundo a qual essas relações foram registradas por algumas obras literárias, de diferentes gêneros, lugares e tempos. Trata-se, portanto, para nós, ao abordar essas obras antigas, de cruzar a história da cultura escrita com a sociologia dos textos. Definida por D. F. McKenzie como 'a disciplina que estuda os textos como formas conservadas, assim como seus processos de transmissão, da produção à recepção', a sociologia dos textos visa a compreender como as sociedades humanas construíram e transmitiram as significações das diferentes linguagens que designam os seres e as coisas. Ao não dissociar a análise das significações simbólicas daquela das formas materiais que as transmitem, tal abordagem questiona profundamente a divisão que separou, por muito tempo, as ciências da interpretação e da descrição, a hermenêutica e a morfologia.
Esta obra apresenta oito ensaios que constituem uma história cultural em busca de textos, crenças e gestos aptos a caracterizar a cultura popular tal como ela existia na sociedade francesa entre a Idade Média e a Revolução. O intelectual francês mostra que a cultura escrita influencia mesmo aqueles que não produzem ou lêem textos, mas interagem com eles. Ao revisitar a chamada Biblioteca Azul, coleção de livros acessíveis vendidos por ambulantes (romances de cavalaria, contos de fada, livros de devoção), além de documentos próprios da chamada "religião popular" e textos sobre temas que se dirigem a um público geral, como a cultura folclórica, o autor enfoca as tênues fronteiras entre a chamada cultura erudita e a popular e mostra como se ligam duas histórias: da leitura e dos objetos de leitura.