O dito popular de que "religião, política e futebol não se discutem" é posto em xeque de maneira vigorosa, neste livro, por Eduardo Rodrigues da Cruz. Seu texto empolgante apresenta as "regras do jogo" que se fazem presentes no universo das religiões estabelecidas. O autor aborda a fascinante variedade religiosa do Brasil e trata de modo muito particular que o "jeitinho brasileiro" achou para lidar com a questão religiosa. Ao longo dessa avaliação, problematiza a identidade nacional e toca em assuntos relevantes, como a pluralidade e a tolerância religiosas, a separação Igreja-Estado e a controvérsia em torno da obrigatoriedade do ensino religioso no país.
Eduardo Rodrigues da Cruz é professor na PUC-SP e coordenador do Programa de Estudos e Pós-Graduação em Ciências da Religião nessa mesma Universidade. É doutor em Systematic Theology pela University of Chicago (EUA), onde também realizou pós-doutorado.
A etnografia do mundo consagrado da moda é o ponto de partida deste livro. Contudo, o olhar de Alexandre Bergamo, preocupado em estabelecer as articulações entre esse mundo e o que está para além de suas fronteiras, estende seu estudo para o universo das faculdades e das revistas de moda, passando por uma pesquisa detida das vitrines das lojas – de luxo e populares – em São Paulo. Além disso, alia a etnografia à análise de uma multiplicidade de outras fontes: propagandas de moda atuais e antigas, depoimentos, entrevistas, noticiário de moda, figurino de novelas, guias de etiqueta e estilo etc. Desse modo, o autor escapa do senso comum que representa a moda como se ela tivesse um epicentro – os estilistas e seus desfiles – e como se tudo o mais fosse tão somente sua "imitação". Desvenda, assim, um universo marcado por uma multiplicidade de agentes e de interesses sociais capazes de imprimir contornos específicos ao campo da moda.
Oferece um fascinante mergulho na nossa mente, do ponto de vista de um arqueólogo. Percorre assim o processo da construção da inteligência moderna, verificando como o ser humano passou a ser capaz de fabricar instrumentos e de criar a arte e a religião.
O que nos interessa é justamente a tensão inerente à escolha de um termo extraído da hierarquia das castas para descrever uma sociedade em que a hierarquia se torna ilegítima. Pois se constitui aí o campo semântico que dá à figura do pária sua singularidade “ocidental”, sua historicidade e, talvez, sua perenidade.
O conjunto de entrevistas reunidas em A política e as letras apresenta ao leitor um Raymond Williams pouco conhecido do público brasileiro. Gestado com o intuito de discutir sistematicamente o pensamento do intelectual britânico, este livro propõe uma rara reflexão biográfica em que trajetória pessoal e reconstruções teóricas se conformam em um instigante debate sobre a própria atividade intelectual.
A atitude descrente é um componente fundamental, original, necessário e, portanto, inevitável em qualquer sociedade. Por isso tem obrigatoriamente um conteúdo positivo, e não se reduz unicamente à não crença. [...] É uma posição que acarreta escolhas práticas e especulativas autônomas, que tem portanto sua especificidade e sua história.