Estudos sobre biografias ainda são ocasionais. Alguns literatos, acadêmicos ou não, refletiram sobre a biografia como gênero - investigando sua autenticidade, sua veracidade, estilos de época, simbioses romanescas etc. Muitos historiadores também ocuparam-se da biografia como uma espécie de subproduto da história, um meio para o historicismo ou amostra para reflexões historiográficas.
Sergio Vilas-Boas é jornalista, escritor e professor. Mestre e doutor pela ECA/USP com pesquisas sobre biografias. Autor de Perfis: o mundo dos outros (2014), coletânea de textos biográficos, e do romance Os estrangeiros do Trem N (1997), ganhador do prêmio Jabuti, entre outros livros.
(Semanário humorístico editado por Ângelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis, 1866-1867) O Cabrião foi o mais conhecido periódico humorístico de caricatura publicado, em São Paulo, durante o Império. Editado por um dos maiores precursores da caricatura e da ilustração da época, Ângelo Agostini junto com dois grandes jornalistas, mérico de Campos e Antônio Manoel dos Reis, o Cabrião circulou somente durante um ano. Esta edição que agora vem a público, fac-similar, oferece um divertido retrato político, social e eclesiástico daquela época.
Os Ferrões, um quinzenário de aproximadamente trinta páginas, circulou no Rio de Janeiro entre junho e outubro de 1875, sendo distribuído também pelo correio a assinantes de diversas cidades brasileiras, inclusive algumas bem distantes da capital. Como sugere o nome da publicação, os dois autores dos folhetos desferiam agudas e muitas vezes incômodas “ferroadas” na sociedade imperial. O jovem José do patrocínio e seu companheiro Demerval da Fonseca à época iniciavam sua carreira jornalística. Sob os codinomes de Notus Ferrão e Eurus Ferrão, respectivamente, divulgavam textos de tom predominantemente jocoso.
O mundo moderno, que acredita ferozmente no progresso e esquece o humano e sua aura, tem em Walter Benjamin um de seus críticos mais lúcidos e brilhantes, uma referência para os estudos da cultura e da comunicação. Dentro do vasto campo de trabalho que sua obra inspira, a professora Olgária Matos se detém na concepção benjaminiana da modernidade. Analisando suas obras desde a Origem do drama barroco alemão às Passagens, associa o fenômeno do fetichismo à vida política e ao estado de exceção.
Crítica cinematográfica: uma vertente - hoje quase desconhecida - da produção do poeta modernista Guilherme de Almeida (1890-1969) que certamente causa uma grata surpresa ao leitor. Por meio dela, aqui representada por 218 textos, publicados entre 1926 e 1942 no jornal O Estado de S. Paulo, é possível reviver o período de transição entre a "arte do movimento silencioso" e o filme falado, bem como a presença pujante dos cinemas em São Paulo nas primeiras décadas do século XX e sua importância no cotidiano cultural da cidade.
Este ensaio de alto teor filosófico discute novos modos de ler, criticar e praticar a biografia, gênero ainda pouco compreendido no Brasil. Amparado por um amplo repertório de leituras biográficas e teóricas de campos diversos, Sergio Vilas-Boas tece um conjunto de reflexões sobre os valores humanos, os métodos e as técnicas que guiam (ou deveriam guiar) os biógrafos contemporâneos. O texto mescla linguagens dissertativa e narrativa enriquecidas ainda por diálogos interativos com o jornalista Alberto Dines, biógrafo do escritor (e também biógrafo) Stefan Zweig. O que resulta é uma abordagem inovadora e prospectiva, e uma forma de texto ousada, na qual o biográfico e o autobiográfico se fundem transparentemente.