Este é um livro que ganhou fama, antes mesmo de ser publicado. Desde 1975, quando João Manuel apresentou O capitalismo tardio como tese de doutoramento, as cópias xerografadas circulam pelo Brasil inteiro, cada vez menos legíveis pela incessante reprodução. O autor, como de hábito, ignorou sistematicamente o sucesso de seu trabalho clandestino e desdenhou os elogios. Absorveu as objeções com o mesmo rigor com que costuma avaliar os méritos de sua própria obra. Por isso desapontou os críticos com o silêncio e suportou os apelos para publicar o livro, com o desapego dos que já estão pensando novas questões. A distância que João Manuel guarda em relação a seus trabalhos terminados é proporcional à intimidade que mantém com o pensamento vivo e questionador.
Autor de 2 livros disponíveis em nosso catálogo.
Para tratar das relações entre as transformações econômicas e as mutações na sociabilidade, manifestas na dura vida cotidiana e na precária privacidade, distinguimos, neste livro, os momentos significativos que se estendem do pós-guerra aos nossos dias. Entre 1945 e 1964, vivemos os momentos decisivos do processo de industrialização, com a instalação de setores tecnologicamente mais avançados, que exigiam investimentos de grande porte; as migrações internas e a urbanização ganham um ritmo acelerado. O ano de 1964 marca uma inflexão, com a mudança do "modelo" econômico, social e político de desenvolvimento, e esta transformação vai se consolidando a partir de 1967-68. Mas, nesse período (1964-79), as dimensões mais significativas dessa mudança não eram perceptíveis, deixando a impressão de uma continuidade essencial do progresso, manchada, para muitos, pelo regime autoritário. A partir de 1980 ("a década perdida"), finalmente, a nova realidade se impõe.
Jameson propõe, através de sua leitura de Adorno, um modelo dialético para a compreensão do mundo neste fim de século, fazendo renascer com toda sua força a noção de teoria crítica como negatividade permanente e crítica social implacável. Nesse sentido, as idéias de Adorno constituiriam, conforme o autor, um "resgate da dialética" ou das intenções originais da dialética marxista.
Em meados dos anos 1990, o discurso de um planeta unificado pelas forças do mercado empolgava e conhecia seu auge. Mas uma série de crises econômicas e mudanças geopolíticas decretam a morte de projetos como a Alca. Os textos reunidos nesta coletânea relembram este percurso e provocam uma ampla reflexão sobre a nossa época e o lugar do Brasil no mundo. Diversificados e escritos em momentos diferentes, formam um amplo panorama conceitual, mantendo uma relação constitutiva com o tempo histórico vivido.
No final da década de 1960, artistas brasileiros consolidaram um movimento cultural divisor de águas conhecido como Tropicália. Atualmente, a música inspirada por esse movimento tem recebido considerável atenção tanto no Brasil quanto no exterior. Poucos novos ouvintes, contudo, conhecem a relação entre essa música e as circunstâncias por trás de sua criação, a fase mais violenta e repressiva do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985. Com importantes manifestações no teatro, cinema, artes visuais, literatura e especialmente na música popular, a Tropicália articulou com dinamismo os conflitos e aspirações de uma geração de jovens brasileiros urbanos.
Mary del Priore abre ao leitor uma vista privilegiada dos conflitos e intrigas que antecederam a queda do Império brasileiro Entre descrições evocativas de Petrópolis, Rio de Janeiro e Paris, trechos de cartas que permitem vislumbrar a interioridade dos biografados e excertos de jornais e revistas que revelam os anseios populares e o cotidiano do século XIX, O castelo de papel é um envolvente retrato do período que antecedeu a queda do Império brasileiro – uma nação mergulhada em conflitos irreconciliáveis, tentando resistir à inexorável marcha da história.