Euclides da Cunha, a Amazônia e a literatura moderna
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.
Francisco Foot Hardman é professor titular na área de Literatura e Outras Produções Culturais da Unicamp. Foi professor visitante na Universidade de Pequim (2019-20). Publicou, entre vários livros, Trem-fantasma (Cia. das Letras, 2005), Ai Qing: Viagem à América do Sul (Editora Unesp, 2019 – em colaboração com Fan Xing), Meu diário da China: a China atual aos olhos de um brasileiro (PKU Press, 2021) e A vingança da Hileia Nova edição (Editora Unesp, 2023).
Terceira edição revista e ampliada de um livro fundamental para pesquisas na área de história do trabalho e no campo das culturas entre operários. Desenvolve uma discussão crítica das contradições e problemas da existência de uma política cultural anarquista no Brasil. Estuda ainda a presença cultural do proletariado e das correntes libertárias no panorama literário pré-modernista da sociedade brasileira, mostrando os laços orgânicos entre a literatura social e o anarquismo.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
Após cem anos da morte de Euclides da Cunha, o leitor tem pela primeira vez acesso ao conjunto integral de seu acervo poético. Quem já conhece a arte maior de sua prosa encontrará aqui o complemento ideal para a melhor compreensão da obra e do pensamento desse intelectual ímpar. Mas os versos também falam por si, e seus méritos decorrem da contribuição que acrescentam à história da cultura brasileira, da literatura, da crítica e da poesia.
Revoluções brasileiras, cuja primeira edição é de 1897, é composto de 18 resumos históricos que começam com a história do Quilombo de Palmares e terminam com a Proclamação da República. Sua visão histórica e seu tom radical dão à obra um lugar particular nos estudos da história e da política desse período.
Este livro reúne pela primeira vez os poemas da memorável e seminal viagem de Ai Qing pela América do Sul em 1954, na ocasião do cinquentenário de Pablo Neruda. A passagem por Brasil e Chile possibilitou o contato com intelectuais de várias partes do mundo, entre os quais os brasileiros Jorge Amado e Zélia Gattai, e deu origem a interlocuções que atravessariam as décadas seguintes. Os poemas de Viagem à América do Sul foram traduzidos diretamente do chinês e chegam agora ao leitor brasileiro em edição bilíngue.