Em que pesem as consequências maiúsculas decorrentes da mudança do modelo de desenvolvimento inaugurado pelo varguismo, é possível apontar um segundo momento da história econômica brasileira tão ou mais relevante do que o registrado nos anos 1930: a década de 1990. Para além da estabilização da moeda, o controle da inflação nesse período ensejou uma série de outros avanços institucionais, a começar pela própria condução da economia. Fruto de amadurecimento político, institucional e, sobretudo, intelectual de seus mentores, a vitória sobre a inflação foi apenas o início do mais democrático e profícuo período de desenvolvimento socioeconômico do Brasil contemporâneo. Ainda que tímidas e insuficientes, as recentes políticas de inclusão da população historicamente subalternizada foram – e precisam continuar a ser – o próximo e mais importante passo rumo ao desenvolvimento civilizacional. Nesse sentido, as ideias e a atuação dos homens e da mulher que comandaram a economia brasileira entre 1985 e 2018 se mostraram fundamentais para a concretização desse capítulo central da história econômica brasileira que foi a Nova República.
FRANCISCO DORNELLES | DILSON DOMINGOS FUNARO | LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA | MAÍLSON DA NÓBREGA | ZÉLIA CARDOSO DE MELLO | MARCÍLIO MARQUES MOREIRA | FERNANDO HENRIQUE CARDOSO | RUBENS RICUPERO | CIRO FERREIRA GOMES | PEDRO MALAN | ANTÔNIO PALOCCI FILHO | GUIDO MANTEGA JOAQUIM LEVY | NELSON BARBOSA | HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES
Este livro traz de volta ao público brasileiro estudos fundamentais de Paul Singer sobre um período decisivo da formação do capitalismo no Brasil, tendo como referência dois momentos de intenso crescimento econômico: a segunda metade dos anos 1950, os anos JK, e o chamado milagre brasileiro, o ciclo de altas taxas iniciado em 1968, sob Delfim Netto e o manto da ditadura militar implantada em 1964.
“Nesta era em que se usa a chamada ciência econômica para justificar a desigualdade, as catástrofes ambientais, o caos financeiro; em que se usam fórmulas complexas para dar aparência de legitimidade a formas escandalosas de apropriação de recursos da sociedade, no quadro da financeirização; em que a teoria econômica se diz ‘técnica’ e ‘objetiva’, portanto sem necessidade de prestar contas à ética nem de contribuir para a construção de um mundo melhor – é profundamente estimulante voltar a um pesquisador e batalhador que via na economia política uma ferramenta para o progresso. Progresso de todos, evidentemente, e não de minorias privilegiadas. Este eixo central, da economia política voltada para o bem comum, coloca Paul Singer na linha dos grandes pensadores humanistas.” Este quinto volume da coleção Paul Singer reúne as obras "Curso de Introdução à economia política", "O que é economia" e "O capitalismo: sua evolução, sua lógica e sua dinâmica".
Dever e poder analisa a relação entre autonomia e dívida externa da Argentina entre 1983 e 2007. A obra explora as condições que delimitaram o poder de negociação da Argentina com credores internacionais e o impacto desses eventos sobre as relações exteriores do país, particularmente nas relações com os Estados Unidos da América, oferecendo um entendimento abrangente dos fatores que permitem o êxito ou fracasso de iniciativas autonomistas.
Análise profunda sobre repartição de renda e estrutura de classes por um dos maiores pensadores brasileiros Dominação e desigualdade, obra que retorna neste volume (seguida de Repartição da renda: pobres e ricos sob o regime militar), ocupa posição proeminente entre os clássicos do pensamento socialista democrático brasileiro, sendo um dos marcos na análise crítica do desenvolvimentismo que sobreveio a 1964. O livro traz preciosa contribuição para os debates sobre as imbricações entre repartição de renda e estrutura de classes, bem como sobre a gigantesca desigualdade de oportunidades que enfrentam aqueles que dependem de sua força de trabalho para sobreviver.
Os ensaios reunidos na primeira parte do livro foram escritos nos anos que medeiam entre 1961 e 1965. Embora versando sobre temas diferentes, eles têm como elemento comum a preocupação com as mudanças estruturais que se verificam na economia quando se dá o desenvolvimento, formando assim um conjunto harmônico nas etapas da evolução do pensamento do autor Paul Singer, um dos grandes economistas da história recente de nosso país.
Este livro, com prefácio de Luiz Inácio Lula da Silva, traz um olhar sobre as múltiplas e controvertidas experiências históricas dos processos autogestionários da luta dos trabalhadores pelo socialismo, articulando o trabalho e a educação na perspectiva da promoção de um novo fazer produtivo, orientado por ações políticas, culturais, pedagógicas e solidárias.
Nas décadas de 1950 a 1980 o Brasil construiu um dos mais avançados e integrados parques industriais dentre os chamados países “em desenvolvimento”. De início, esse processo concentrou-se quase por completo no estado de São Paulo, mais precisamente na capital e seu entorno, a Região Metropolitana, principalmente na área conhecida como ABC paulista. O vertiginoso crescimento econômico e populacional resultante dessa expansão industrial moldou o tecido urbano. A partir dos anos 1980, o processo de descentralização das indústrias para outros estados reduziu a importância de São Paulo na produção industrial brasileira. Embora permanecesse como principal estado industrial, sua capital transformou-se em cidade com prevalência do setor de serviços, tornando-se a capital financeira do país e sede majoritária das companhias nacionais e internacionais em atividade. Seus serviços nas áreas de saúde e educação passaram a ser os mais distinguidos, refletindo-se nas altas taxas de educação no estado e no crescimento da categoria dos profissionais liberais. Em 2020, subsistem ainda graves problemas a enfrentar nas áreas de habitação, saneamento e mobilidade. Este livro é importante referência aos estudiosos de história, política e economia da América Latina.
Em Filosofia econômica, Joan Robinson olha por trás da cortina da economia para revelar uma luta incessante entre a economia como ciência e a economia como ideologia, a qual, a seu ver, era uma parte vital da economia. No seu habitual estilo vívido e cristalino, ela critica os primeiros economistas Adam Smith e David Ricardo, assim como os neoclássicos Alfred Marshall, Stanley Jevons e Leon Walras no tocante à questão do valor. Mostra que aquilo que eles consideravam como os geradores de valor – respectivamente o tempo de trabalho, a utilidade marginal ou as preferências – nada tinha de científico, mas de “metafísico”, e que é frequente encontrarmos na ideologia, não na ciência, motivo para rejeitar as teorias econômicas. Ela também avalia as implicações da revolução keynesiana na economia, particularmente se as teorias de Keynes são aplicáveis a economias em desenvolvimento. Robinson conclui com uma lição profética que ressoa na economia turbulenta e desigual de hoje: que a tarefa do economista é combater a ideia de que os únicos valores que importam são aqueles que podem ser medidos em termos monetários.
A trajetória intelectual de Paul Singer, marcada por notável coerência, tem como um de seus pontos luminares a abordagem do socialismo democrático em construção e reconstrução no Brasil. Nesse sentido, os três textos que compõem o presente volume estão entre as contribuições potentes que Singer legou a esse campo de estudos.