Uma problemática organiza a estrutura deste livro: quais funções tem exercido o discurso de Administração Escolar na produção do conhecimento, especialmente o conceito de Administração Escolar? Graziela Zambão Abdian analisa a construção histórica desse discurso e constata que o pesquisador, ao reproduzir o conceito de Administração Escolar como mediação para o alcance de fins determinados, acaba por modelar a escola e seu cotidiano, por mais que variem o referencial ou os procedimentos de pesquisa Em seguida, a autora analisa a trajetória de sua própria pesquisa para compreender a formação da subjetividade e trazer os limites impostos pelas regras de formação postas em prática. Por fim, busca construir novas ferramentas metodológicas para serem discutidas por pesquisadores na área. Esse percurso permitiu a autora constatar que o discurso impede o pesquisador de fazer o conhecimento se diferenciar e que é necessário apreender a lógica da multiplicidade e da heterogeneidade do cotidiano a partir de suas próprias regras, que podem não ser as melhores, mas são diferentes daquelas pelas quais fomos governados até o momento.
Esta obra procura compreender, analisar e interpretar o pensamento do compositor italiano Boris Porena, em particular a problemática da aprendizagem de música na escola de Educação Básica. Depois de apresentar um breve perfil do compositor (com foco em aspectos biográfi cos e na obra ensaística), Samuel Campos de Pontes parte para a análise do que Boris Porena chama de Hipótese Metacultural e dos aspectos importantes para o desenvolvimento desse conceito, com foco nos processos de aprendizagem e nas particularidades da música dentro desse universo. O autor trata, em seguida, de aspectos que se referem a possíveis conexões entre o pensamento de Porena e a educação musical brasileira dos dias atuais. Ao fim, esse diálogo não estaria completo sem a leitura da série de cartas Vita die Martis, transcrita na íntegra no último apêndice desta publicação. Este livro é, portanto, um convite para que leitores interessados pela intersecção entre música e educação entrem no diálogo com esse importante compositor e pensador da cultura e da educação.
Os estudos de casos, escritos ou, modernamente, em vídeo, são utilizados para a formação profissional, como medicina, direito, negócios e outras atividades. Na formação de professores, um caso é usado em sala de aula para aprimorar o estudo do ensino de alguma disciplina e/ou de determinada prática de ensino relacionado a tópicos conhecidos por serem difíceis de lidar por envolverem dilemas. A docência em ciências demanda de professores a capacidade de lidar com a multiplicidade de fatores presentes no contexto escolar. Desde questões comportamentais até a consideração das identidades de gênero de alunos, a singularidade e a complexidade da realidade em sala de aula exigem novas abordagens formativas. Neste livro, encontram-se onze casos relacionados ao ensino de Química, produzidos por pós-graduandos e professores brasileiros, sob orientação e revisão de docentes da Harvard e da Unesp. Esperamos que esses casos – com dilemas, histórias e lições – sirvam como material de apoio para melhorar a formação de professores de Ciências e, mais especificamente, os professores de Química.
Este livro revisita a trajetória de pesquisa e extensão desenvolvida por Débora Cristina Fonseca no campo da socioeducação com jovens pobres, marcados pelo fracasso escolar e pela exclusão, para discutir as potencialidades da escola frente à defesa de direitos humanos. A autora analisa as contradições do sistema educacional, socioeducativo e sociopenal e as formas perversas de culpabilização e eliminação daqueles que não se enquadram no modelo neoliberal de constituição da subjetividade. As reflexões apresentadas ao longo dos capítulos estão amparadas nos pressupostos da teoria sócio-histórica e têm como base a teoria vigotskiana e a compreesão dos processos de escolarização. A autora também apresenta o conceito de Educação em Direitos Humanos e suas possibilidades de transforma-ação do cotidiano escolar, oferecendo subsídios para o trabalho pedagógico em todos os níveis de ensino e indicando os caminhos para o desenvolvimento de sujeitos capazes de lutar por seus direitos e para a atuação preventiva contra os processos de abandono e exclusão escolar.
Em sua obra, Ana Penido realiza uma análise profunda e consistente sobre a profissionalização militar, explorando-a através do prisma da educação, que é regulamentada por uma legislação específica. Ela investiga como essa formação não apenas molda os profissionais da segurança nacional, mas também se entrelaça com a política. Com um foco aguçado na relevância desse tema, a autora discute a essencialidade de um controle civil eficaz sobre as atividades militares no Brasil, destacando sua importância para a compreensão da relação entre militarismo e democracia.
Historicizar as relações econômicas da escola permite desnaturalizar a materialidade da cultura escolar, a relação das escolas, dos professores e dos alunos com os objetos e recursos didáticos, bem como com as tecnologias educacionais. É por entender que as relações econômicas estão atravessadas por elementos culturais que se busca desenvolver aqui uma história econômica da escola urbana entendida no cruzamento e no confronto de uma diversidade de fontes, mas também de diferentes áreas do conhecimento.
Transformar a prática docente em objeto de pesquisa é um constante desafio para a educação. Nesta obra, os autores discutem e orientam cada etapa do processo de planejamento e realização de uma pesquisa voltada para a análise de situações de sala de aula, por meio de um olhar reflexivo sobre outras pesquisas com objetos semelhantes. Ela é fruto de um contexto de pesquisa de formação continuada de professores e serviu como material de apoio para professores e orientadores durante curso de especialização que culminou com a elaboração de trabalhos de conclusão de curso. Os autores apresentam aqui uma proposta que serve à dupla mediação de ensinar e aprender por meio da investigação, desenvolvida a partir de experiências de docentes e estudantes de fazer da sala de aula um cenário de pesquisa para ambos. Com abordagem investigativa, este livro pretende ser instrumento e razão para que docentes e estudantes conquistem seus direitos a uma educação integral e crítica que os levem a sua transformação e da própria sociedade.
Este trabalho enceta uma reflexão sobre o emprego da etnografia na pesquisa educacional, indicando pistas na sua utilização e algumas armadilhas postas. O autor parte do pressuposto de que há uma indissociabilidade entre teoria e método, de modo que não se pode reduzir a etnografia a uma simples técnica de “coleta de dados” – o que seria deturpação. Nesse sentido, para Amurabi Oliveira pensar a etnografia no campo da educação é pensar a produção do conhecimento antropológico na educação. A partir desta perspectiva, o autor refuta algumas posições (amplamente difundidas no âmbito da pesquisa educacional) que afirmam que não há pesquisas etnográficas em educação, mas apenas pesquisas do “tipo etnográfico”, perspectiva que se origina de uma leitura reducionista da etnografia e extremamente superficial, ou mesmo inexistente, da antropologia.
Como Gertrudes ensina suas crianças transformou Johann Heinrich Pestalozzi, ainda em vida, na grande referência da pedagogia moderna. Sua tradução para o português contribuirá para a circulação do texto entre professores, estudantes e pesquisadores brasileiros, mas também entre o grande público interessado nas questões educacionais e em suas potencialidades emancipatórias. O livro reúne catorze cartas dirigidas a Heinrich Gessner, amigo incentivador do trabalho de Pestalozzi e importante editor. O estilo epistolar produz uma impressão vívida do processo de construção de uma teoria da educação, sempre permeada, neste caso, por objetivos de transformação social e diminuição das desigualdades.
Este livro tem como foco a apropriação feita em território brasileiro dos métodos de ensino de dois importantes pensadores do século XIX, António Feliciano de Castilho e Joseph Jacotot. A investigação, baseada na análise de uma miríade de fontes documentais, parte da exposição dos fundamentos teórico-metodológicos desses métodos, descrevendo tanto o conceito de emancipação intelectual que permeia o método analítico de Jacotot quanto o método fônico de António Feliciano de Castilho, que recebe destaque por conta das diversas controvérsias que ocasionou no cenário educacional brasileiro.