Se é lugar-comum dizer que a realidade geográfica do planeta tem sido profundamente transformada com a globalização, esta obra parte da premissa de que o pensamento geográfico não tem acompanhado esse processo na mesma intensidade. A partir de um sofisticado aparato teórico, o autor propõe uma ampliação do âmbito de pesquisa da Geografia centrada na práxis para elucidar questões básicas a respeito da constituição e dos processos de construção de realidades sociais.
Mapear é uma ação inerente ao humano, pois todo indivíduo consciente necessita se situar no espaço. Nesse sentido, qualquer pessoa – profissional da geografia ou da cartografia ou leigo nessa área – pratica geografia, mapeamento e produz mapas mentais, gráficos ou performáticos para se orientar ou para simplesmente descrever o espaço. Quando essas geografias não profissionais são apropriadas pelos Estados, seus autores originais são elididos e, consequentemente, seus legítimos direitos à terra são anulados, como mostra a experiência do Estado colonial português na segunda metade do século XVIII, quando disputava com a Coroa de Espanha a definição de seus limites territoriais na América do Sul. Este é um livro sobre como estados coloniais da época moderna inventaram soberania, autoridade e direitos sobre terras de outros a partir de expedições de mapeamento e mapas. A partir da cartografia histórica do Brasil, a autora indica um caminho para começarmos a recuperar autorias de territórios e lugares apagadas por agentes estatais envolvidos em simular impérios, territórios e terras de Estado.
Você já se perguntou como os continentes se movem? O que causa a mudança climática? Ou como as montanhas são formadas? Este livro fornece uma visão geral e atualizada da geografia física, tornando-a acessível a todas as pessoas com interesse, pessoal ou profissional, nos processos ambientais, nas mudanças climáticas e na compreensão das formas e dinâmicas do relevo da Terra.
Na atualidade, os temas de produção de água, segurança hídrica e mudanças climáticas alcançam visibilidade crescente e são discutidos nos meios acadêmicos, científicos, de comunicação e em parlamentos de todo o mundo. No entanto, precisam ser compreendidos e apropriados pelos gestores locais e regionais, por técnicos e pela população e seus representantes, para que as ações locais sejam condizentes com as discussões e o conhecimento globais. Este livro mostra a aplicação de técnicas de diagnóstico, de análises de áreas de municípios e de manejo integrado de bacias hidrográficas. Propõe ainda um conjunto de ações que visam envolver as comunidades na tarefa crucial de aumentar os volumes de água dos rios, potencializar a segurança hídrica da população e auxiliar na mitigação das mudanças climáticas nos territórios de bacias hidrográficas. Quando todas as bacias hidrográficas do Brasil e do mundo forem manejadas integralmente, seus solos, suas águas, seus ecossistemas e suas populações humanas serão mais saudáveis e poderão gozar de adequada segurança hídrica, alimentar e climática.
A noite na cidade ainda é um objeto de estudo em construção para a geografia brasileira. Pesquisas sobre as práticas espaciais que são próprias da vida noturna, das tensões e dos conflitos que à noite se tornam explícitos ou que aparecem de forma latente, podem nos revelar, por um outro viés, os modos como se relacionam (e são constantemente reproduzidas) as desigualdades e as diferenças nas cidades brasileiras, as maneiras como identidades socioculturais são acionadas, performadas, instituídas e negociadas. O conjunto de textos que compõem este livro traz um pequeno panorama das possibilidades de incorporação do tema da noite na cidade ou da cidade à noite. Ao mesmo tempo, evidencia um campo em aberto, seja para considerarmos velhos temas em sua especificidade de acontecer durante a noite, seja para abordarmos aquilo que de fato só ganha condições de possibilidade neste tempo social.
Procura-se aqui responder a quatro perguntas básicas: o que é geografia? Como os geógrafos trabalham? Por que a geografia é importante? Para onde está indo a disciplina de geografia? Passando por temas como os desafios da urbanização e os problemas gerados pelo uso de combustíveis fósseis e tocando questões candentes como as complexidades relacionadas às migrações, conflitos étnicos e aquecimento global, este livro apresenta um quadro amplo do estado atual da geografia, seus temas, conceitos e métodos, o modo como se desenvolveu, seus pontos fortes e seus tópicos controversos.
Entre as crises de nosso tempo, duas estão em destaque: a crise do pensamento, como crise do sujeito, e a crise ambiental, como crise de civilização. Ambas são a mesma crise, entrelaçadas por um sistema produtivo que se sustenta em uma compreensão da relação sociedade-ambiente (natureza-cultura) cindida. Procurando uma compreensão fenomenológica, este livro se propõe como meditação experiencial dos seres-no-mundo, ontologicamente circunstancializados no lugar. Esta fenomenologia do ser-situado, como pensamento noturno-diurno, não busca o esclarecimento: visa, antes de tudo, à compreensão pelo compartilhamento de experiências vivenciadas por meio da escrita. Das diferentes situações emergem possibilidades, como caminhos, de pensamento orientado do presente para o futuro, dedicado à tarefa do nosso tempo.
Este livro deriva de uma pesquisa sobre uso público em unidades de conservação (UC), realizada pelo Laboratório de Planejamento Ambiental e Gerenciamento Costeiro (Laplan), sediado no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus Litoral Paulista. O estudo estimulou, em 2017, a realização do I Encontro sobre Uso Público em Unidades de Conservação. Diversos trabalhos e palestras foram apresentados; alguns deles participam desta obra.
Qual a finalidade do programa de uso público em uma unidade de conservação? Os parques têm como um dos principais motivos de sua existência a promoção da educação ambiental e da visitação pública em uma UC. Tal finalidade lhes confere a função relacional entre o bem comum, como valor da natureza e sua dinâmica conservada, e os diversos sujeitos que se relacionam com esses territórios protegidos.
A conservação da natureza é um direito de todos, mas, para que todos tenham esse direito, é necessário compreender os significados que a sociedade confere a esses territórios. E esse é, portanto, o principal papel do programa de uso público de uma unidade de conservação.
Este livro procura discutir as principais contribuições para a ciência do pensador russo Piotr Kropotkin, um dos principais intelectuais do anarquismo no fim do século XIX e início do século XX. Embora respeitado no século XIX, ainda são escassos os debates sobre a obra de Kropotkin, principalmente sobre sua teoria do apoio mútuo e a influência que ela teria na organização dos seres vivos (incluindo os seres humanos). Relacionando suas pesquisas empíricas na Sibéria com a questão darwinista da “sobrevivência do mais capaz”, Kropotkin percebe que, ao contrário do que afirmavam alguns evolucionistas, naquela região predominava uma “estranha” sociabilidade, na qual se destacava a solidariedade entre indivíduos de uma mesma espécie, que desse modo conseguiam levar vantagem sobre seus “inimigos” naturais. Compreender a teoria do apoio mútuo e suas implicações no debate científico do século XIX permite-nos também perceber de que forma Kropotkin contribuiu para a constituição teórica de uma Geografa mais humanista, solidária e crítica.
O espaço produzido pela ação humana é complexo e mutável. Espaços diferenciados entre si, com áreas e redes diferenciadas e articuladas, constituem o foco da geografia que analisa a espacialidade do passado e do presente. Nesse sentido, os textos desta coletânea dizem respeito ao presente e ao passado. Dizem respeito também a temas distintos como pequenas cidades e sua inserção na rede urbana e formas simbólicas espaciais como estátuas e templos. Os caminhos paralelos e entrecruzados não se esgotam, e este livro pretende caminhar na direção da compreensão da espacialidade da ação humana.