A sorte não sorri ao pequeno Oliver Twist. Havendo ficado órfão assim que nasceu, foi criado em um asilo sem receber qualquer carinho. Aos nove anos, já sabe o que é passar fome, sofrer maus tratos e trabalhar de sol a sol em uma fábrica. Decide, pois, fugir para Londres, buscando uma vida um pouco mais fácil. A grande cidade, no entanto, é repleta de perigos e de delinquência. Em mais uma de suas obras inesquecíveis, Dickens, a partir da trajetória do jovem Oliver, denuncia as dificuldades e penúrias que se abatem sobre os pobres de uma sociedade recentemente industrializada, sem, contudo, privar o leitor de notas de humor e esperança.
Publicado no fim de 1833, é o primeiro dos grandes livros de Balzac e, de acordo com muitos, também sua obra-prima. É expressivo o modo como Balzac inaugura em Eugénie Grandet a descrição de costumes, atores e espaços da vida provinciana. No centro da narrativa está o avaro Félix Grandet, antigo tanoeiro e ex-prefeito da cidade, que acumula fortuna considerável graças ao dote de casamento e à especulação financeira em tempos de instabilidade econômica, tornando-se uma das pessoas mais ricas e influentes da cidade de Saumur. Já Eugénie, sua filha, recebe visitas frequentes de pretendentes que apenas desejam sua fortuna, até que surge seu primo Charles, um jovem dandy parisiense. Rapaz refinado da capital, ele desperta o interesse da inocente Eugénie. O relacionamento dos dois jovens, entretanto, sofre interdições e percalços que afetam o destino da jovem Grandet.
O Falecido Mattia Pascal é um romance em que Luigi Pirandello explora os mistérios de identidade. Nele se conta a história de um homem que, cansado da sua vida de arquivista e do casamento, decide viajar até Monte Carlo, onde a sorte lhe permite obter no casino uma enorme fortuna. É no regresso a casa que toma conhecimento de que, por engano, foi considerado morto. Decide começar uma nova vida com fortuna e outro nome, pensando assim libertar-se de compromissos e obrigações.
Em Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, Mário de Andrade radicaliza o uso literário da linguagem oral e popular que já havia utilizado em seus livros anteriores e mistura folclore, lendas, mitos e manifestações religiosas de vários recantos do Brasil, como se fizessem parte de uma unidade nacional. Macunaíma, que ora é índio negro ora é branco, até hoje é considerado símbolo do brasileiro em vários sentidos: o do malandro esperto, amoral, que sempre consegue o que quer, e o do povo perdido diante de suas múltiplas identidades. Nas palavras do próprio autor, “Macunaíma vive por si, porém possui um caráter que é justamente o de não ter caráter”.
Urupês é uma coletânea de contos e crônicas do escritor brasileiro Monteiro Lobato, considerada sua obra-prima e publicada originalmente em 1918. Inaugura na literatura brasileira um regionalismo crítico e mais realista do que o praticado anteriormente, durante o romantismo.
Teodorico Raposo vive às expensas da tia beata e avarenta, esperando um dia herdar-lhe a fortuna. Dissimulando devoção religiosa, mas sem abrir mão de prazeres mundanos, ele atende ao pedido de Titi e parte em peregrinação pela Terra Santa em busca uma relíquia sagrada. Compõe-se, em paralelo, um divertido afresco da sociedade portuguesa da época, em uma crítica mordaz à hipocrisia e aos excessos da religião.
Guy de Maupassant é mais que um contador de histórias para leitura de entretenimento. Em seus contos, encontramos retratada em pinceladas rápidas e precisas a vida burguesa da época, com seus tipos e suas situações descritos em flagrantes certeiros. O retrato não é nada otimista; pelo contrário, pode-se entrever nas narrativas a crítica severa à moral de aparências da sociedade burguesa.
Nos últimos dois séculos, o nome de Edgar Allan Poe se tornou sinônimo de histórias de mistério, seja o suspense, sejam as narrativas de teor sobrenatural, chegando a flertar com a ficção científica. Altamente inventivo, Poe perscrutou as fronteiras entre a lucidez e a insanidade. Saborosa porta de entrada para a obra do grande mestre da narrativa breve, este livro traz catorze de seus mais célebres textos.
Quando morre o filósofo louco Quincas Borba, ele deixa ao ingênuo amigo Rubião a totalidade de suas posses, com uma única condição: Rubião deve cuidar de seu cachorro, que também se chama Quincas Borba, e que poderia ter assumido a alma do filósofo morto. Rico, Rubião segue então para o Rio de Janeiro e mergulha em um mundo onde é cada vez mais difícil separar a fantasia da realidade.
Homem de grande dignidade e valores inquebrantáveis, Policarpo Quaresma é um ufanista convicto, vendo superioridade brasileira em qualquer tipo de comparação que se faça com estrangeiros. Não é raro, porém, que a realidade traia suas utopias mais entranhadas: seu idealismo o faz ser alvo de escárnio e perseguição na sociedade em que vive.