Poemas em prosa, rascunhos, reflexões sobre poesia, fragmentos de correspondência: Francis Ponge nos leva aqui à sua oficina criativa. Como podemos encontrar a palavra certa para transcrever nossa experiência da natureza, do mundo vegetal, do reino animal? O escritor revela seu método, mas também sua ética: para nos reconectarmos com o mundo, para ampliarmos nossa existência, nossas palavras não devem dominar as coisas, mas abraçá-las. “O que importa, em mim, é a seriedade com a qual me aproximo do objeto e, de outro lado, a grande justeza na expressão. Mas preciso me livrar de uma tendência a dizer coisas sem relevo e convencionais. Não vale a pena escrever se não for por isso.” (Ponge, "O pequeno caderno do pinhal")
Uma problemática organiza a estrutura deste livro: quais funções tem exercido o discurso de Administração Escolar na produção do conhecimento, especialmente o conceito de Administração Escolar? Graziela Zambão Abdian analisa a construção histórica desse discurso e constata que o pesquisador, ao reproduzir o conceito de Administração Escolar como mediação para o alcance de fins determinados, acaba por modelar a escola e seu cotidiano, por mais que variem o referencial ou os procedimentos de pesquisa Em seguida, a autora analisa a trajetória de sua própria pesquisa para compreender a formação da subjetividade e trazer os limites impostos pelas regras de formação postas em prática. Por fim, busca construir novas ferramentas metodológicas para serem discutidas por pesquisadores na área. Esse percurso permitiu a autora constatar que o discurso impede o pesquisador de fazer o conhecimento se diferenciar e que é necessário apreender a lógica da multiplicidade e da heterogeneidade do cotidiano a partir de suas próprias regras, que podem não ser as melhores, mas são diferentes daquelas pelas quais fomos governados até o momento.
Fruto de uma premiada pesquisa de doutorado, este livro convida o leitor a explorar os discursos que sustentam a promessa de pacificação das favelas do Rio de Janeiro. Fundamentado na Análise do Discurso materialista, o estudo desvenda a promessa como mecanismo discursivo de um compromisso assumido juridicamente. Ao mobilizar saberes relacionados aos estudos performativos, a obra desconstrói as condições de felicidade associadas ao ato de fala “prometer”, expondo seu funcionamento político e problematizando sentidos reducionistas atribuídos às favelas. Observando o entrelaçar de efeitos de promessa e ameaça, a análise revela a tensa relação entre Estado e favela, marcada pela memória histórica de apartação e pelo racismo estrutural. Com uma análise contundente, este livro desafia o leitor a se aprofundar no funcionamento da linguagem e a refletir sobre as dinâmicas de exclusão que estruturam a relação entre cidade e favela, convidando-o a um olhar mais crítico sobre essas questões.
Um grupo de pensadores revolucionou a maneira como estudamos a literatura No início do século XX, a crítica literária tradicional se encontrava isolada da sociedade. Surgiu, então, uma nova geração, para a qual a crítica deveria ser uma ferramenta para diagnosticar os males sociais, participando ativamente dos debates mais candentes de sua época. Neste livro, Terry Eagleton nos convida a redescobrir estas vozes que transformaram a maneira como lemos e interpretamos a literatura. "Estimulante [...] é difícil imaginar um escritor mais capaz de retratar os combates e as afinidades da cultura literária do período entreguerras do que Terry Eagleton. [...] Seu respeito por esses pensadores, de cuja tradição ele talvez seja o último membro (ele foi aluno de Raymond Williams, o mais jovem do grupo de Cambridge), brilha com amor e gratidão nestas páginas.” – Kathryn Hughes, The Guardian
Uma viagem fascinante pelo mundo da linguagem, conduzida pela mente brilhante de Noam Chomsky. Se você busca se aprofundar nos mistérios da linguagem, entender como a mente humana processa e gera significado, além de explorar as relações complexas entre a linguagem e o pensamento, este livro clássico é uma leitura obrigatória. Nele, Chomsky transita entre a filosofia e a ciência, explorando a noção cartesiana de uma “faculdade de linguagem” inata, presente em todos os seres humanos.
Em 1923, Paris foi palco de uma notável presença de artistas modernistas brasileiros, muitos dos quais haviam participado da Semana de Arte Moderna de 1922. Vicente do Rego Monteiro, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Villa-Lobos destacaram-se em eventos culturais prestigiados. Entre 1923 e 1924, Oswald de Andrade, Sérgio Milliet e Emiliano Di Cavalcanti enviaram crônicas ao Brasil, agora reunidas neste volume, que inclui textos inéditos. Além disso, especialistas de diversas áreas oferecem uma visão abrangente da influência brasileira em Paris, explorando a interação com vanguardistas europeus e a consolidação do modernismo.
Neste livro, Eagleton analisa a relação da literatura com a história, a política, a filosofia e a crítica, revelando como a obra literária se torna um campo de batalha para a luta de ideias, valores e ideologias, sendo muito mais que um reflexo da realidade: a literatura é um espaço de contestação, de questionamento e de reinvenção do mundo.
Aguinaldo Gonçalves analisa o sistema poético da obra A educação pela pedra , de João Cabral de Melo Neto, a partir da macroestrutura e de alguns procedimentos de linguagem do livro e o situa no conjunto da obra do poeta. Em seguida, a partir de observações sobre a poética pictórica do pintor espanhol Joan Miró, Gonçalves busca estabelecer aquilo que chama de “homologia estrutural” entre as duas linguagens – a poética e a pictórica –, mantendo essa identidade de base sem cair na arbitrariedade que frequentemente ronda os estudos comparados. As observações de ordem intertextual feitas acerca do poeta permitem o salto para essa intersemioticidade por onde entra o pintor. Essa comparação entre as artes prepara analiticamente a investigação da linguagem do poeta como marcada por uma intensa leitura da própria obra (o que o autor chama de autotextualidade), sem deixar de considerar as relações de João Cabral com as artes plásticas. Essas leituras de Aguinaldo José Gonçalves são todas elas momentos de convergência em que o verbal e o visual tecem uma rede muito bem tramada de anotações analíticas.
Dependendo da época e do lugar, os mapas fictícios desempenharam uma variedade de papéis. Eles representaram mundos virados de cabeça para baixo, satíricos, críticos ou utópicos; eles diluíram a distinção entre o mundo do livro e o do leitor; eles alimentaram a razão e os sonhos, mesmo além da letra do texto. Viajando de obra em obra, Roger Chartier oferece neste ensaio uma nova abordagem da mobilidade das ficções e de suas interpretações.
As Conferências do Cassino Lisbonense, realizadas entre maio e junho de 1871, constituem-se como parte de um projeto de intervenção cultural, política, social que a chamada Geração de 70 - integrada por Antero de Quental, Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins, Rafael Bordalo Pinheiro, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, entre outros jovens intelectuais portugueses - pretendia realizar na sociedade portuguesa no último quartel do século XIX.
Por meio do resgate de fontes primárias, jornais da época (1871) - tais como Revolução de Setembro, Diário de Notícias, Jornal da Noite, Diário Popular, Jornal do Comércio, O Partido Constituinte, O Bem Público, A Nação, em formato de microfilmes adquiridos da Biblioteca Nacional de Portugal -, os leitores terão acesso aos textos originais de reportagens escritas no calor da hora em que ocorreram as conferências e poderão avaliar o que foi veiculado naquele momento histórico.
Na medida em que o jornal pode aumentar a compreensão de fatores contextuais, os leitores também podem tirar suas próprias conclusões a respeito desse evento importante para a história da literatura portuguesa, do realismo-naturalismo português e da Geração de 70.