A perspectiva da teoria crítica sobre as relações entre fé, saber e ideologia no seio do Estado de direito. No presente livro, Habermas investiga criticamente a oposição entre naturalismo e religião a partir de quatro eixos fundamentais: no primeiro, aborda as condições pós-metafísicas de uma razão destranscendentalizada que se orienta em sentido normativo; no segundo, reflete acerca dos limites de uma teoria normativa do Estado de direito para dar conta do pluralismo religioso e da presença cada vez mais constante da religião na esfera pública; no terceiro, trata do pensamento pós-metafísico em relação ao naturalismo e à religião, confrontando as oposições entre liberdade e determinismo, razão e natureza, fé e saber; por fim, no quarto eixo, conecta o controle estatal do pluralismo religioso e ideológico às condições ambíguas da tolerância religiosa e à constituição política de uma sociedade mundial.
As conferências e os comentários reunidos neste volume se concentram nas obras de filósofos e cientistas sociais que estão marcados de um modo particular por seus contextos históricos. As duas últimas contribuições tematizam os próprios contextos.
Um dos principais eixos temáticos desta coletânea diz respeito ao neoconservadorismo. O assunto abre e perpassa todos os textos aqui reunidos, que remetem ainda a diferentes aspectos da defesa de Habermas da continuidade do projeto de modernidade. Sem abandonar a dimensão teórica, o filósofo, conhecido por seu engajamento político, coloca-se como “contemporâneo político” e assume posições sobre questões públicas candentes ainda hoje – escrita em 1985, a obra reflete sobre problemas e tensões de uma década crucial para a sobrevivência e maturação do projeto democrático não apenas na Alemanha.
Uma discussão pública, sem entraves e livre de dominação acerca da adequação e desejabilidade dos princípios e normas que orientam a ação, [...] é o único médium no qual algo como uma “racionalização” é possível.
Os 14 ensaios que constituem esta obra, a 12ª da série Pequenos escritos políticos, contribuem para o reconhecimento de Jürgen Habermas como intelectual público no Brasil. No país, a maior parte de suas análises da conjuntura social e política e avaliações sobre o estado da democracia na Europa ou no mundo permanecem praticamente desconhecidas do público, principalmente por estarem disponíveis apenas em alemão.
Esta obra, a mais filosófica e importante de Jürgen Habermas do ponto de vista da epistemologia, discute o entrelaçamento entre razão prática e razão pura e mostra a importância das definições do conhecimento, levantando questões sobre os fatores que o definem.
Jürgen Habermas examina neste livro o “complexo” que segundo ele descansa sob a expressão “esfera pública”. Para ele, pode-se esperar, ao compreender tal conceito e submetê-lo a esclarecimento sociológico, apreender de modo sistemático a própria sociedade. “A esfera pública”, diz o filósofo, “continua a ser um princípio organizador de nossa ordem política”.
As investigações reunidas neste volume, orientadas predominantemente de um ponto de vista histórico, destinam-se a desenvolver uma teoria crítica da sociedade projetada com um propósito prático e a delimitar seu status diante de teorias de outra proveniência.
A explosão das ilusões neoliberais promoveu a concepção de que os mercados financeiros, principalmente os sistemas funcionais que perpassam as fronteiras nacionais, criam situações problemáticas na sociedade mundial que os Estados individuais – ou as coalizões de Estados – não conseguem mais dominar. A política como tal, a política no singular, é desafiada em certa medida por tal necessidade de regulamentação: a comunidade internacional dos Estados tem de progredir para uma comunidade cosmopolita de Estados e dos cidadãos do mundo, levando adiante a juridificação democrática do poder político.
A nova mudança estrutural da esfera pública levada a cabo pelo progresso tecnológico da comunicação digitalizada tem contribuído para o incremento da qualidade discursiva das deliberações políticas? Como manter a promessa emancipatória de uma democracia radical junto à plataformização da esfera pública, que se configura por ruídos selvagens em câmaras de eco fragmentadas e que giram em torno de si mesmas? Em um mundo de fake news (difícil de imaginar), é um imperativo constitucional manter uma estrutura midiática que possibilite o caráter inclusivo da esfera pública e um caráter deliberativo na formação pública da opinião e da vontade.