Este livro procura mitigar impasses e imprecisões frequentes no debate sobre as questões que estão na própria concepção da fenomenologia e facilitar a compreensão do trajeto filosófico de Edmund Husserl no enfrentamento desses tópicos. É retraçado o cenário do nascimento de sua fenomenologia, em um momento em que o discurso filosófico está em ruptura com o discurso matemático e das ciências duras, ao mesmo tempo que são descritos pontos nevrálgicos do pensamento de husserliano, bem como as cisões interpretativas que ele ensejou.
Carlos Alberto Ribeiro de Moura é professor titular de História da Filosofia Contemporânea no Departamento de Filosofia da FFLCH – USP. Foi professor da Unicamp e professor-convidado da Université de Provence, Aix-en-Provence, França. Membro do conselho editorial de diversas revistas acadêmicas de prestígio, foi um dos fundadores da Manuscrito – Revista Internacional de Filosofia (Unicamp). Suas pesquisas e publicações se concentram nas áreas de História da Filosofia Contemporânea, com especial ênfase na tradição fenomenológica, e de História da Filosofia Moderna, em torno do empirismo e do racionalismo clássicos.
A obra de Haug é instância de peso dentro do pensamento estético alemão. Suas teses, sempre guiadas pela originalidade de tratamento e fertilidade intelectual, sugerem uma visão do campo onde melhor pode render, no plano da estética, a análise das formas econômicas. Por este prisma, este livro revitaliza o debate a respeito do impacto e presença da produção e reprodução capitalistas sobre a criação e consumo intelectual e estético.
Comumente definida como “teoria do conhecimento”, epistemologia é uma disciplina tradicional dos currículos dos cursos de Filosofia. Neste livro, há uma seleção de autores e posições básicas da área. O exame da contribuição dos principais nomes da epistemologia não se dá numa linha cronológica limitadora. Ao tratar dos filósofos atuais, é mantida a perspectiva do passado que os embasa e, quando os capítulos focam célebres filósofos ou escolas, os estudos são feitos de forma atualizada.
O filósofo americano John Searle deve seu renome internacional às suas obras sobre a linguagem e a mente. Neste livro, ele prossegue aqui seu trabalho no campo da filosofia prática, retomando, dentro de sua perspectiva, questões fundamentais: as da liberdade e do poder político. O que é ser livre? Se incluirmos os conhecimentos da pesquisa contemporânea no domínio das ciências cognitivas e da neurobiologia, devemos incluir um certo tipo de correlação com a hipótese do determinismo. Logo, a questão é: qual deve ser a natureza da mente, como fato físico, para que a liberdade seja possível?
Jurista de formação, Tarde, infelizmente, ficou conhecido como o rival histórico de Émile Durkheim e, em sua época, sua obra não obteve o devido conhecimento - muito possivelmente por conta da complexidade e originalidade de suas ideias, além de sua aversão pelo determinismo evolucionista que constituía o mainstream intelectual de fins do século XIX. A presente edição tem o mérito de apresentar ao leitor brasileiro um panorama das principais noções que fundamentam a obra de Tarde, que influenciou filósofos e cientistas sociais como Henri Bergson (1859-1941), Gilles Deleuze (1925-95), Bruno Latour e Eduardo Viveiros de Castro. Além do ensaio que dá título à obra e que constitui a base do inusitado pensamento sociológico tardiano, compõem esta edição "A var iação universal", "A ação dos fatos futuros" e "Os possíveis", além de uma carta autobiográfica de Tarde, uma listagem bibliográfica do e sobre o autor e da instigante apresentação assinada por Eduardo Viana Vargas, organizador do volume.
Esses Ensaios de teatro e filosofia têm como fio condutor a filosofia de Diderot e Rousseau, em paralelo com o teatro forjado pela Contrarreforma. A autora faz uma leitura a contrapelo da tendência desconstrucionista, que passa ao leitor contemporâneo a falsa impressão de que Diderot tenha defendido a metafísica da presença, contra a representação. Rousseau trabalha na confluência de teoria da linguagem, moral, política e teatro. No âmbito ibérico, vemos as consequências políticas do entrecruzamento da comédia e da tragédia praticado pelo dramaturgo luso-brasileiro António José da Silva, o Judeu. Retrocedendo ao século XVII, o cartesianismo encontra terreno fértil nas tragédias de Corneille e o teatro do Século de Ouro é atravessado pelo jusnaturalismo defendido por Grotius. Na commedia dell’arte, o desbragamento é compatível com o dogma da Queda como apanágio do humano e com o excesso de dispêndio, próprio da sociedade de corte. Shakespeare assume o hermetismo concebido em Florença no Quatrocentos para caracterizar a personagem Ofélia como regida pelo elemento água; a própria catástrofe de Hamlet está associada a seu temperamento melancólico.