Ensaios sobre a poesia moderna e contemporânea brasileira
Engrossando as fileiras dos que todavia dedicam seus estudos à poesia e dos que ousam levá-la a cabo em tempos de tanta dificuldade neste gênero literário, em particular, e nas artes, em geral, Luiz Costa Lima realiza aqui um itinerário poético pessoal de larga escala, em um voo panorâmico que ilumina pontos importantes da poética brasileira.
Luiz Costa Lima é crítico literário e professor emérito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Publicou importantes livros de ensaios, entre eles Mímesis e a modernidade (1980), Vida e mímesis (2000), O controle do imaginário e a afirmação do romance (2009) e Frestas: a teorização em um país periférico (2013). Pela Editora Unesp, publicou, em 2017, Melancolia: literatura; em 2021, O chão da mente: A pergunta pela ficção; e, em 2022, A ousadia do poema: Ensaios sobre a poesia moderna e contemporânea brasileira.
Nesta obra, Costa Lima recupera as acepções históricas e filosóficas da melancolia para estabelecer a articulação desse estado afetivo com a literatura. No percurso dessa investigação, o autor reconhece a condição de “criatura carente” no caráter humano – pathos da melancolia no discurso ficcional e plástico. Com essa tese, o ensaísta irradia sua análise para traços peculiares da produção de dois escritores decisivos da literatura moderna ocidental: o tcheco Franz Kafka e o irlandês Samuel Beckett. Ao fazer esse mapeamento extenso, estudado ora teórica ora textualmente, Costa Lima aponta como a experiência melancólica, na cultura ocidental, afetou de diferentes modos as diversas expressões do pensamento e das artes.
Passadas mais de quatro décadas da publicação de "Mímesis e modernidade: formas das sombras", hoje um clássico dos estudos literários brasileiros, Luiz Costa Lima nunca deixou de lado a temática sobre a qual ali já se debruçava com autoridade: a conceituação filológica da mímesis. O presente livro articula como estudos de caso obras de Virginia Woolf, Freud, Nietzsche, Georg Simmel, Schlegel e Hegel, entre outros, para empreender um mergulho ao âmago dos temas mais caros a seu autor.
Neste livro, Luiz Costa Lima revisita temas que lhe são caros em sua trajetória crítica, ajustando as lentes para um aprofundamento da análise de obras como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre. Articulando potente repertório crítico, Costa Lima acrescenta novas camadas de problematização sobre a fortuna crítica desses autores.
Este estudo analisa a alegoria como procedimento de construção fundamental em A jangada de pedra (1986), de José Saramago, em que ela desponta como 'figura' ideal para performatizar o insólito posicionamento do país, segundo a ótica do narrador do romance. Empreendendo uma leitura alegórica da alegoria, isto é, desfazendo seu funcionamento tópico, construímos uma análise da obra na qual esta se oferece como verdadeira alegoria da modernidade para focar a identidade cultural portuguesa. A dessacralização de mitos ligados a uma tradição histórica e o poder desestabilizador da linguagem narrativa se interpenetram no funcionamento alegórico fazendo de A jangada de pedra uma obra singular.
Este livro analisa a veia satírica de Olavo Bilac, "contrapondo sua biografia literária às questões destacadas pela recepção ulterior da obra, ... chamando atenção para os pontos não suficientemente investigados do acervo artístico do escritor e denunciando em que medida as lacunas se intalaram por força do preconceitos que ainda vêm cercando a compreensão da obra do poeta". Alvaro simões examina os poemas satíricos de Olavo Bilac, abordados conforme o periódico em que apareceram, sistemática que permite acompanhar o percurso histórico dessa produção ao mesmo tempo que a análise dos poemas individuais faculta o conhecimento de sua temática, estilo e gênero. Predomina a paródia, utilizada para expressar não apenas a vida política na ocasião, final do século XIX, mas também o cotidiano carioca da época. Os poemas aproximam-se ao fait-divers do jornal, coerente com o veículo que difundia os versos satíricos de Bilac, propiciando o entendimento de hábitos populares e problemas marcantes da sociedade brasileira, considerados os esforços de modernização em curso no período.