No presente livro, Lawrence Venuti expõe o que ele classifica como "escândalos da tradução", observando a relação entre a tradução e as instâncias – corporações, governos, organizações religiosas, editores – que precisam do trabalho do tradutor, mas que eventualmente ainda marginalizam essa função. Como um texto que vai ser publicado num jornal, numa revista, num livro, deve ser traduzido? Quais são os elementos culturais ocultos em qualquer tradução? Estas são algumas questões discutidas neste livro por Lawrence Venuti, que ilustra seus argumentos com traduções da Bíblia, obras de Homero, Platão e Wittgenstein, romances japoneses, africanos, além de textos publicitários e jornalísticos.
– Lawrence Venuti, professor emérito de Língua Inglesa na Temple University, é teórico de tradução, historiador e tradutor. É autor de outras obras índice na área de tradução, das quais a Editora Unesp publicou Escândalos da tradução: por uma ética da diferença, em 2019.
A definição do que seja uma boa tradução chega a ser quase um lugar comum: equivaleria a um texto fluente, transparente, livre de peculiaridades linguísticas ou estilísticas a tal ponto que reflita a personalidade, ou a intenção, ou o sentido-chave da obra correspondente na qual se baseia. Em suma: quando ele chega a fazer com que o leitor se esqueça por alguns momentos de que está lendo uma tradução. É na investigação dessa imagem aparentemente plácida, mas marcada por dificuldades e complexidades de diversas ordens, que Lawrence Venuti se detém neste livro, desenhando um panorama do mundo das traduções, do século XVII ao presente, muito mais rico do que a imagem usual permite supor.
Tradução, letras, conduta ética, qualidades essenciais do tradutor, humildade intelectual, paciência, fidelidade ao pensamento, emoção do original, cultura geral, cultura literária, cultura psicológica, cultura histórica, pendor artísticoApós 50 anos de sua primeira edição, este livro, de autoria de um dos mais renomados tradutores brasileiros de todos os tempos, influenciou gerações de profissionais. Ao conscientizá-los de que devem ir além das letras, seguindo uma conduta ética, com alerta para as qualidades essenciais do tradutor: humildade intelectual, paciência, fidelidade ao pensamento e emoção do original e cultura geral, não só literária, como também psicológica e histórica, além do pendor artístico, conclui que traduzir é uma verdadeira arte.
Este estudo revela a importância de pregadores imperiais como gênese de uma intelectualidade brasileira, no início do século XIX. Ele demonstra o papel fundamental da oratória sagrada no Brasil oitocentista, em um tempo onde o analfabetismo era imenso, e a palavra falada, o principal mote às discussões locais. A Corte havia chegado recentemente, o sistema administrativo estava ainda em formação, e as igrejas constituíam os poucos espaços que reuniam a população. A par de um fervor religioso, forma-se também um sentido de identidade nacional, que vem a originar a construção de um discurso brasileiro.
Os elos entre a filosofia e a história são o tema deste estudo. A base teórica é o pensamento do historiador Paul Veyne, que reflete sobre a sua prática de um ponto de vista que leva em conta questionamentos de cunho filosófico. A partir daí, são apontadas questões filosóficas que o historiador deve levar em conta em suas pesquisas. Ao longo do livro são definidos e encadeados elementos constitutivos da tarefa narrativa do historiador e da sua construção teórica. Temas que dizem respeito ao objeto da história e à causalidade histórica, assim como relações entre conceito, acontecimento e totalidade histórica, são enfocados, como também as diferentes concepções filosóficas da ligação entre o ato de narrar em si mesmo e o de construir filosoficamente essa narrativa.
Enquanto se liquefaz o conceito de literatura, confundindo-se até mesmo os limites de seus últimos avatares, retornam, em compensação, as discussões sobre os gêneros, que pareciam estar mortas e enterradas. Isto porque os gêneros, que dizem respeito às propriedades essenciais do discurso, transcendem a própria separação histórica e cultural entre aquilo a que se chama literatura e aquilo que estaria alheio às funções poéticas da linguagem. Neste livro, Todorov contribui de maneira substantiva para trazer à tona esse debate, colocando-o de volta à ordem do dia nos estudos literários e semióticos.