A morte sob a perspectiva da história, da sociologia e da filosofia

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terça-feira, 1 de novembro de 2016

Cena do filme O sétimo selo, de Ingmar Bergman (1956) na qual o cavaleiro Antonius Block e a Morte travam uma batalha de xadrez

"Estudar o morrer é como olhar para uma poça de água. Nela vemos o reflexo do tipo de gente que viemos a ser. Por trás das imagens frágeis e transitórias do nosso eu individual que aparecem na superfície, existem sugestões de companhia menos familiar: estranhas marés de história, ressacas culturais que fluem e refluem abruptamente na vida. As ondulações dessas forças tangem e trabalham a nossa identidade, primeiro para criá-la, e depois para testá-la antes da sua destituição final na morte", diz Allan Kellehear, no fragmento de Uma história social do morrer (página 13). 

O Dia de Finados, celebrado na maior parte dos países ocidentais em 2 de novembro, tem como objetivo relembrar a memória dos mortos. Por ocasião da data, a Editora Unesp elenca alguns livros que tratam da morte, sob a perspectiva da sociologia e filosofia. Confira os títulos abaixo: 

Uma história social do morrer
Autor: Allan Kellehear | Páginas: 538 | R$ 84

O médico Kellehear justifica seu interesse no morrer porque, ao estudá-lo, vemos o reflexo do tipo de pessoa que somos. Ou seja, a conduta no morrer revela as forças sutis, íntimas e desapercebidas em nossa vida cotidiana que moldam nossa identidade e individualidade. Essa experiência, simultaneamente complexa e natural, é investigada em um voo panorâmico de 2 milhões de anos, da alvorada da consciência da mortalidade, na Idade da Pedra, à Era Cosmopolita, identificando e descrevendo os padrões típicos do morrer em cada período, com suas características morais e culturais, tensões e contradições.

O homem diante da morte
Autor: Philippe Ariès | Páginas: 838 | R$ 134

Ao contrário do que o título pode sugerir, esta é uma obra serena. Aqui, o historiador francês investiga o comportamento humano diante da morte. A partir de uma perspectiva histórica, sociológica e até mesmo psicológica, analisa textos literários, inscrições lapidares, obras de arte e diários pessoais para mostrar que as atitudes em relação à morte, própria e dos outros, foram se transformando no decorrer do tempo, até se tornarem irreconhecíveis em relação aos séculos anteriores. 

As almas do purgatório
Autor: Michel Vovelle | Páginas: 352 | R$ 79

Com base em uma riquíssima sequência de imagens, iluminuras medievais e retábulos barrocos, este livro reconstrói como o Ocidente cristão tentou imaginar e gerir sua relação com o universo dos mortos, de perto e de longe, encerrando os na misericordiosa prisão do purgatório, um local de reclusão e de sofrimentos expiatórios temporários que rompe a dualidade entre o paraíso aberto a poucos eleitos e o inferno com suas terríveis penas.

O desespero humano
Autor: Søren Kierkegaard | Páginas: 168 | R$ 52 

Um dos pontos altos da filosofia ocidental, a obra examina o desejo do homem de entender Deus e analisa a luta humana para eliminar as angústias quanto à imortalidade da alma. Além de sintetizar os conceitos mais importantes do pensamento de Kierkegaard, trata-se um livro fundamental tanto para o existencialismo quanto para a teologia moderna.

História do ateísmo
Autor: Georges Minois | Páginas: 784 | R$ 96

Minois examina a história do ateísmo desde os primórdios da existência humana: Deus morreu no século XIX, é costume dizer-se. Mas desde o IV a. C., Teodoro, o Ateu, já proclamava que Deus não existia. O ateísmo é tão velho como o pensamento humano. Desde as origens da humanidade, é uma das grandes formas de ver o mundo.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp