Ana Penido examina a educação militar desde o período colonial até os dias atuais, abordando desafios e relações com a sociedade civil
Em Como se faz um militar? A formação inicial na Academia Militar das Agulhas Negras de 1995 a 2012, Ana Penido explora o papel da educação na construção das Forças Armadas brasileiras, refletindo sobre as complexas relações entre civis e militares em um contexto democrático. O livro, publicado pela Editora Unesp, analisa o período de transformações na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), investigando como a formação dos oficiais combatentes molda sua identidade e prática profissional.
A autora iniciou sua pesquisa ao observar a homenagem da turma de cadetes de 2010 ao ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, um gesto que evidenciou a distância entre o mundo civil e militar em um período eleitoral marcado pela oposição ao regime militar de 1964. Ao final de cada capítulo, Penido oferece reflexões, facilitando a compreensão dos desafios da formação militar na contemporaneidade.
Penido mergulha na estrutura educacional da Aman, examinando o currículo formal e os elementos de socialização que visam não apenas a transmissão de conhecimentos técnicos, mas também uma ressocialização ideológica. Ela mostra como esses processos preparam os cadetes para a complexa realidade política e social brasileira, criando uma identidade militar específica e influenciando as relações com a sociedade civil.
“A obra aborda o percurso das Forças Armadas para educar seus militares desde o Brasil Colônia, apontando os desafios de adaptação e profissionalização do Exército na atualidade,” comenta Suzeley Kalil no prefácio. A autora analisa a formação dos cadetes com uma perspectiva crítica, identificando as tensões entre o militarismo e a democracia.
Em seu estudo, Penido discute temas como a formação ideológica, a função das Forças Armadas na democracia e as transformações na educação militar diante das demandas da sociedade contemporânea. Com base em uma ampla pesquisa documental e bibliográfica, além de dados dos anuários da Aman, ela ressalta a dimensão política da educação militar e sua importância para a compreensão do papel dos militares na sociedade.
“A história política brasileira não se entende sem a análise das Forças Armadas e seu impacto na sociedade,” reflete Frederico Carlos de Sá Costa, da Universidade Federal Fluminense. Segundo ele, o estudo das Forças Armadas é essencial para compreender as relações de poder que moldaram e ainda influenciam a República. Penido, em sua obra, fornece uma visão abrangente e crítica sobre essas relações, apresentando uma análise fundamental para todos os interessados na educação em defesa e na cidadania.
Sobre a autora – Ana Penido possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011), mestrado em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança pela Universidade Federal Fluminense (2015) e doutorado em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/Puc-Sp) por meio da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2019). É pesquisadora do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social e do Grupo de Estudos em Defesa e Segurança Internacional (Gedes – Unicamp) nas áreas de defesa, forças armadas, profissionalização e educação dos militares. É coautora de Ninguém regula a América (Editora Expressão Popular, 2021).
Título: Como se faz um militar?: A formação inicial na Academia Militar das Agulhas Negras de 1995 a 2012
Autora: Ana Penido
Número de páginas: 254
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 72
ISBN: 978-65-5711-244-1
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