Clássico de Rousseau sobre educação propõe sistema para lidar com sociedade corrupta

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domingo, 13 de novembro de 2022

Em Emílio, filósofo genebrino lança as bases do que é hoje considerado o primeiro tratado de filosofia da educação do mundo ocidental e que serviu de guia aos revolucionários franceses de 1789  

Proibido e queimado em Paris e em Genebra, por causa do controverso fragmento sobre a “Profissão de fé do vigário Savoiano”, Emílio ou Da educação, de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), porém, apesar, ou por causa de sua reputação, rapidamente se converteu em um dos livros mais lidos na Europa. Este tratado sobre a natureza da educação e a natureza humana, que ora ganha nova tradução pela Editora Unesp, influenciou grandemente os revolucionários franceses de 1789 na elaboração de um novo sistema de educação nacional e, hoje, é considerado o primeiro tratado sobre filosofia da educação no mundo ocidental.            

“Publicado em 1762, Emílio ou Da educação permanece inclassificável: diferindo tanto dos tratados filosóficos quanto dos manuais de pedagogia – deixemos de lado a possibilidade de ser ainda um romance pedagógico –, tornou-se objeto de diversas leituras, algumas até mesmo incompatíveis entre si, de modo que poderíamos falar em opera aperta, emprestando o conceito de Umberto Eco”, escreve o tradutor da obra, Thomaz Kawauche. “Estaria então aí, na dificuldade dos estudiosos para chegarem a um veredicto sobre a interpretação da obra, o indício de seu verdadeiro mérito? Ou será que, admitida a inseparabilidade entre vida e obra, a dificuldade efetiva diria respeito ao autor? Afinal, polêmicas exegéticas à parte, a indeterminação do lugar de Emílio nos catálogos de nossas bibliotecas não deixa de ser sintomática, quando nos lembramos do espírito multifacetado do genebrino Jean-Jacques Rousseau, que de bom grado tomava para si a alcunha ‘homem de paradoxos’. E, de fato, é sob o signo do paradoxo que suas ideias pedagógicas parecem ter sido recebidas.”            

Rousseau propõe, mediante a descrição do homem, um sistema educativo que permita ao “homem natural” conviver com uma sociedade corrupta. Isso toma forma ao se acompanhar o tratado de uma história romanceada do jovem Emílio e seu tutor, para ilustrar como se deve educar ao cidadão ideal. Ainda que não seja um guia detalhado, inclui alguns conselhos sobre como educar as crianças, dividindo-se em cinco “livros”: nos três primeiros, o autor dedica-se à infância de Emílio, no quarto à sua adolescência e no quinto à educação de Sofia, a “mulher ideal” e futura esposa de Emílio, e à vida doméstica e civil deste, incluindo a formação política.

“Conectado ao espírito de seu tempo, Rousseau entende que as necessidades da criança são diferentes das do adulto: eis a especificidade que ele deseja evidenciar na condição de médico, pedagogo e filósofo, mediante afirmações de extrema perspicácia como ‘a infância tem seu lugar na ordem da vida humana’, ou ‘é preciso considerar o homem no homem e a criança na criança’”, pontua Kawauche. “A partir das razões aqui expostas, veja-se que Emílio manifesta o esforço de seu autor para, diante de um horizonte cultural alargado, conceber a infância como momento singular, não apenas na trajetória de um indivíduo ou na de uma família, mas também – e sobretudo – na reflexão abrangente acerca da origem do gênero humano.”

Sobre o autor – Escritor, filósofo e músico genebrino, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) é uma das grandes figuras do chamado Século das Luzes. Suas obras – como o Discurso sobre as ciências e as artes, o Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, a Nova Heloísa, Do Contrato Social e Emilio – obtiveram logo enorme sucesso e, desde então, motivam leituras apaixonadas de entusiastas e críticos nos séculos que o sucederam. De sua autoria, a Editora Unesp já publicou Cartas escritas da montanha (2006), Textos autobiográficos e outros escritos (2009), Dicionário de música (2021), Emílio ou Da educação (2022) e  Rousseau juiz de Jean-Jacques: Diálogos (2022).

Título: Emílio ou Da educação
Autor: Jean-Jacques Rousseau
Tradução: Thomaz Kawauche
Revisão técnica: Thiago Vargas
Número de páginas: 678
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 148
ISBN: 978-65-5711-088-1

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