Calcado na história da alfabetização no Brasil, obra de Maria do Rosário Longo Mortatti, publicada há 20 anos, permanece relevante e atual no século 21
Como fruto de um laborioso, paciente e apaixonado trabalho de investigação em busca da compreender como a alfabetização se constitui, ao mesmo tempo, em objeto de estudo e pesquisa e em modelo específico de escolarização das práticas culturais da leitura e da escrita, nasce o livro Os sentidos da alfabetização: São Paulo, 1876-1994, da pesquisadora e professora Maria do Rosario Longo Mortatti. Lançada há 20 anos pela Editora Unesp, a obra, que permanece atualíssima, ganha edição revista e ampliada neste momento fundamental da encruzilhada histórica do País.
“Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua e literatura no Brasil, decidi, então, delimitar o tema [da tese] à alfabetização, entendida como ensino de leitura e escrita em língua portuguesa na fase inicial de escolarização de crianças”, escreve Mortatti. “Na tese – que datilografei, depois digitei no microcomputador da faculdade, gravei em disquete de 5/4 polegadas e imprimi em papel formato formulário-contínuo – abordo o movimento de constituição da alfabetização como objeto de estudo, enfocando a “questão dos métodos” – que, na análise dos documentos, mostrou-se como a face mais visível dos problemas que formulei – e com ênfase na situação do estado de São Paulo, entre 1876 e 1994.
O tema permanece atual. “Apesar dos avanços conquistados, neste século XXI a alfabetização continua sendo um problema a demandar busca de soluções sempre urgentes, ainda que diagnósticos, explicações e respostas sejam diferentes e ainda que muito do que se formulou no passado permaneça apenas como rupturas anunciadas ou pretendi- das”, pontua a autora. “Certamente, no entanto, mais do que nos séculos anteriores, a alfabetização se apresenta hoje como problema de ordem precípua e explicitamente político-ideológico e social.”
“Os sentidos da alfabetização – esta obra já é um clássico”, pontua a pesquisadora de Educação Carlota Boto no prefácio à segunda edição. “Diz Italo Calvino que os clássicos são aqueles livros sobre os quais dizemos que estamos relendo. Os clássicos se impõem, portanto, como leituras inesquecíveis, trazendo consigo as marcas de outras leituras, pelos traços e rastros que deixaram naqueles que os leram. Maria do Rosario Longo Mortatti, há vinte anos, quando lançou este livro, na verdade, inaugurava, nos estudos da educação brasileira, o campo da história da alfabetização. Convido o leitor para a leitura, com a intenção de que você não pense conhecer esta linda obra apenas por ouvir dizer.”
Sobre a autora – Maria do Rosario Longo Mortatti é escritora e professora titular na Universidade Estadual Paulista (Unesp). É licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FCL) da Unesp, câmpus de Araraquara, mestre e doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e livre-docente em Metodologia da Alfabetização pela Unesp. Foi professora de língua e literatura na rede pública estadual paulista. Atua no curso de Pedagogia e no programa de pós-graduação em Educação da Unesp, campus de Marília. Coordena o grupo de pesquisa “História da Educação e do Ensino de Língua e Literatura no Brasil”. É presidente emérita da Associação Brasileira de Alfabetização e integra a diretoria (2020-2022) da União Brasileira de Escritores. É também autora de livros de literatura. Em 2012, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Educação pelo livro Alfabetização no Brasil: uma história de sua história (Editora Unesp).
Título: Os sentidos da alfabetização: São Paulo, 1876-1994
Autora: Maria do Rosario Longo Mortatti
Número de páginas: 350
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 69,00
ISBN: 978-65-5711-030-0