Clássicos do Catálogo: 'Da interpretação', de Aristóteles

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domingo, 12 de maio de 2024

O livro é um texto seminal para os estudos de lógica, especificamente sobre a estruturação lógica da linguagem, e um dos mais conspícuos pontos do diálogo de Aristóteles com o pensamento contemporâneo

A seção Clássicos do Catálogo desta semana viaja até a Grécia Antiga, para recuperar uma pequena - mas fundamental -  obra do filósofo Aristóteles: Da interpretação.

O título, consagrado já na Antiguidade e ainda hoje influente nas discussões filosóficas, é apresentado aqui em grego e português. Traduzida e comentada por José Veríssimo Teixeira da Mata, esta edição incorpora aperfeiçoamentos filológicos e interpretações mais recentes, características que a tornam especialmente relevante em relação às edições brasileiras anteriores. 

Neste texto, que integra o Órganon aristotélico – composto pelas Categorias, Analíticos anteriores e posteriores, Tópicos e Elementos sofísticos –, o pensador grego procura solução para o problema filosófico relacionado aos principais tipos de juízo que se pode fazer e as formas como tais juízos são expressos por meio da linguagem.

O filósofo transpassa a discussão platônica sobre verdade e falsidade para aportar numa outra – a da relação entre as palavras escritas e os pensamentos. Por tal teor, a obra situa-se nas raízes do que viria a ser, no mundo contemporâneo, a filosofia da linguagem e a lógica, restabelecendo a discussão filosófica sobre a presença da verdade nos discursos.

O livro começou a ser difundido ainda na Idade Antiga, principalmente em Alexandria, e alcançou o Ocidente pela via latina, e não por meio dos árabes ou da herança de Bizâncio. Ao mesmo tempo, também ganhou versões em hebraico, siríaco, armênio e árabe.

Na Idade Média, se tornaria objeto de debates e comentários de intelectuais cristãos, como Abelardo, Alberto, o Grande, e Tomás de Aquino. As disputas teológicas em torno da obra datam do início do século XI – São Pedro Damião (1007-1072) ampara-se nela para descrever as leis lógicas a que estão presos os mortais e concluir que tais normas não se aplicam ao todo poderoso Deus cristão.

Com isso, o teólogo crava Da Interpretação definitivamente na tradição cristã medieval. Mas a importância desse texto não se circunscreve ao mundo antigo ou medieval. Sua atualidade é reconhecida pelos filósofos contemporâneos que ainda veem em Aristóteles um interlocutor fértil e instigante.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
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