Autobiografia apresenta o autor em relação ao seu tempo
Homem de múltiplos talentos, Johann Wolfgang von Goethe dedicou-se sobremaneira à escrita, que o imortalizou como um dos mais destacados pensadores da humanidade. Na seção Clássicos do Catálogo desta semana, para resgatar sua obra não literária ‒ de suma importância para se entender quem é o homem e, por consequência, sua obra ‒ trazemos De minha vida: Poesia e verdade, autobiografia do escritor alemão.
“Esta tradução se constrói menos em torno de uma imagem de monumentalidade da obra e de genialidade de seu autor do que em torno de uma imagem mais humanizada de Goethe”, anota Mauricio Mendonça Cardozo, responsável pela tradução, apresentação e notas. O alemão “sentindo, pensando, lendo e escrevendo em seu tempo, soube atravessar a espessura de suas experiências com intensidade”, continua. A densidade de sua obra ressoa atual nos ouvidos do século XXI.
Dividido em quatro grandes partes, o texto conta com um sistema de referências cruzadas para dar conta de mencionar um grande número de obras e personalidades ao leitor interessado sem repetir exaustivamente informações já mencionadas.
“Pois esta parece ser a principal tarefa da biografia: apresentar o homem no contexto das relações de seu tempo, mostrar o quanto ele a elas resiste e o quanto delas se beneficia; de que modo, a partir delas, constrói sua visão do mundo e do homem; e de que modo elas impactam em sua condição de artista, poeta, escritor”, escreve Goethe.
De minha vida: poesia e verdade integra a uma série cujo objetivo é oferecer ao leitor brasileiro acesso tão amplo quanto possível à variedade da obra não literária do alemão. Coordenada por Mario Luiz Frungillo, ela foi planejada em três grandes seções, tendo como abertura as Conversações com Goethe em seus últimos anos de vida, de Johann Peter Eckermann, e Viagem à Itália, relato escrito pelo próprio Goethe.