Falta de tolerância pode levar à corrosão da democracia (Foto: David Cabrera/Flickr)
A tolerância com quem pensa diferente tem se esvaído nos últimos anos e sua falta é considerada um dos ingredientes que corroem as democracias por dentro. Para fazer um exame crítico do conceito de tolerância e pensar seus sentidos, limites e contradições, a seção Clássicos do catálogo desta semana resgata a obra Tolerância e seus limites: um olhar latino-americano sobre diversidade e desigualdade, do filósofo Clodoaldo Meneguello Cardoso.
O livro tem como principal objetivo mostrar que, se a tolerância não for bem compreendida no plano das relações humanas, sua aplicação na educação estará sendo um desserviço àquela sociedade que pretende uma democracia social e não apenas civil.
A partir da recuperação dos sentidos da tolerância no pensamento iluminista - de Locke a Voltaire, passando por Stuart Mill -, Meneguello demonstra como um consenso imediato e espontâneo em torno da tolerância na educação pode deixar passar despercebidas a complexidade e as contradições que a temática contém e assim transformar-se num modismo educacional com consequências negativas.
O estudo aborda também o conceito burguês de tolerância, nutrido pelo pensamento liberal, que trouxe historicamente em seu bojo formas de intolerância, discutindo, ainda, por que o valor da tolerância foi colocado na agenda mundial desde o final do século XX como questão inadiável.