Textos basilares de Quesnay, Mirabeau, Badeau, Rivière e Dupont dão dimensão das ideias econômicas teorizadas pela escola da fisiocracia em meados do século XVIII
A fisiocracia, teoria originada no século XVIII que pretende entender a dinâmica econômica, deixou marcas que reverberam até hoje: da modelagem como forma de investigação ao reflexo do modelo econômico nas políticas públicas. Para resgatar seus principais teóricos, a Editora Unesp lança Fisiocracia: textos selecionados, com as formulações de Quesnay, Mirabeau, Badeau, Rivière e Dupont, organizada por Leonardo André Paes Müller, que assina a tradução dos textos ao lado de Thiago Vargas.
“A fisiocracia foi muito mais do que a primeira escola de pensamento econômico da história”, anota o organizador da obra. “O grupo formado e liderado pelo cirurgião e médico da corte de Luís XV, François Quesnay, compartilhava um sistema teórico bastante sofisticado e coeso, produto de uma visão abrangente do mundo e base de um vasto programa de reformas econômicas e políticas, a partir do qual buscou influenciar o debate e as políticas econômicas francesas da década de 1760. Como aponta Georges Weulersse, o principal historiador do grupo, eles não apenas formaram uma escola, como desenvolveram um partido – ou, de acordo com seus adversários, uma seita.”
Ao todo, são dez textos que compõem este volume, que abre com O Quadro econômico com suas explicações, de Mirabeau, core do pensamento fisiocrata, considerado pela economista Mary Morgan “um dos primeiros exemplares de modelo econômico, carregando consigo todo um modo de pensar e fazer ciência que apenas no século XX se tornaria o padrão entre economistas.” Na sequência, os demais artigos demonstram como estes pensadores enxergam a sociedade: um organismo que, para se manter vivo, precisa incessantemente voltar ao ponto de partida e reiniciar o processo.
“A analogia não poderia ser mais clara: o economista é o médico do corpo social. Se assumirmos, como alguns historiadores do pensamento econômico, dentre eles Dupont de Nemours no texto que fecha esta coletânea, que a fisiocracia é o momento inaugural da ciência econômica, abre-se a questão a propósito do alcance dessa metáfora a partir dos anos 1760 até hoje. Um dos primeiros a se debruçar sobre esse tema foi ninguém menos que Adam Smith”, pontua o organizador.
Por um lado, o legado da fisiocracia para a ciência econômica é inegavelmente grandioso, ao mesmo tempo em que é profundamente ambivalente. “Nasce ali um novo tipo de saber que não apenas tematiza a interdependência das diferentes classes e setores da economia ou o caráter circular e cíclico da produção e da circulação das riquezas, mas também traz consigo um novo modo de pensar o econômico, a modelagem. Por outro, também nasce ali a arrogância de um especialista que se acredita em posse de um saber superior a respeito do funcionamento da sociedade.”
Sobre o organizador - Leonardo André Paes Müller é doutor em Filosofia pelas universidades de São Paulo e Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Está finalizando pós-doutorado em Filosofia na USP e é membro do laboratório A imaginação econômica. Pesquisa a história da epistemologia da ciência econômica e das interações entre a ciência econômica e o pensamento liberal.
Título: Fisiocracia: textos selecionados
Organizador: Leonardo André Paes Müller
Tradução: Leonardo André Paes Müller e Thiago Vargas
Número de páginas: 342
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 96,00
ISBN: 978-85-393-0828-6