Quando uma obra que aborda um tema bastante estudado e comentado, como é o caso da imigração italiana, provoca o leitor e produz novas indagações, o campo todo se revitaliza e o horizonte de entendimento é ampliado. Tal efeito se verifica em Italianidade no interior paulista: percursos e descaminhos de uma identidade étnica (1880-1950), lançamento da Editora Unesp, em que Oswaldo Truzzi direciona suas pesquisas para as sutilezas desse processo. Como afirma Angelo Trento no prefácio, o autor "propõe um tema até agora pouco questionado no Brasil pela historiografia imigratória e se interroga sobre os caminhos pelos quais os italianos [...] primeiro constroem e depois assimilam, em um período de setenta anos, uma identidade étnica própria, e sobre como isso incide sobre os descendentes e, até mesmo, sobre a sociedade que os acolheu".
Truzzi começa por deslocar seu foco da capital para o interior, destino da maior parte dos italianos que aqui aportaram, atraídos pelos incentivos oferecidos pela economia cafeeira. Cabe lembrar que, no começo do século XX, não apenas a maior parte dos italianos estava domiciliada fora da capital, mas, principalmente, que algumas cidades tinham porcentagens altíssimas de italianos em sua população: em 1902, por exemplo, cerca de metade da população de Ribeirão Preto era formada por imigrantes italianos.
Além disso, o livro apresenta o resgate de imagens históricas. Confira abaixo algumas fotos:
Família de imigrantes italianos em foto de passaporte, 1920. Fonte: AEL
Contrato no qual se estipulavam obrigações e direitos dos colonos e dos fazendeiros. Fonte: Acervo Malta Campos
Os italianos contribuíram para uma valorização positiva do trabalho, antes inexistente em nossa sociedade. Na primeira imagem, cabeçalho de L’Operaio Italiano, periódico semanal publicado em 1899 em São Carlos, dirigido pelo italiano Giovanni de Simone Ferracciù. Acima, o lema Labor Omnia Vincit [O trabalho vence tudo] inscrito no balcão frontal da sede da associação dos italianos de Araraquara, inaugurada em 1926. Fontes: FPM e MIS-Ar.
Colonas empregadas na cultura de algodão na fazenda Salto Grande, em Villa Americana, c. 1907 - 1910. Fonte: CMU
Banda de música da Società di Mutuo Soccorso de São José do Rio Pardo, posicionada em frente a bandeiras simbolizando a terra de origem e de acolhimento, c.1904-1906. Fonte: Rottelini
Alunos e professores da Società Beneficenza Italiana de Botucatu, 1910. Fonte: Gerodetti e Cornejo, Lembranças de São Paulo, p.159.