Diderot propõe interpretação da natureza a partir da limitação dos sentidos

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segunda-feira, 8 de julho de 2024

Escritos buscam aproximar o homem do mundo natural, o único meio de emancipá-lo e conduzi-lo ao pleno exercício da razão e da soberania    

"Interpretar a natureza – essa ideia incomum já não pressupõe que isto a que se chama 'natureza' se presta a algo como uma 'interpretação'? Mas, então, seria a natureza um código, uma cifra, um texto? Ou, por que não, até um livro? Quanto àquele que se põe a interpretá-la, não se contenta em observar, ouvir, ler, enfim, sentir; quer mais, desvendá-la por trás dessa aparência com a qual ela se exibe. Ou, como prefere Diderot, com a qual ela se traveste. A natureza como travesti de si mesma. Teria ela um gênero? Diderot a personifica no feminino.” Estas palavras do filósofo e organizador da versão brasileira do livro, Pedro Paulo Pimenta condensam o espírito de Da interpretação da natureza, instigante obra de Denis Diderot, que vem a lume pela Editora Unesp. Pimenta é o organizador e um dos tradutores do livro, ao lado de Maria das Graças de Souza, Maurício de Carvalho Ramos e Clara Castro.

Este pequeno escrito de Diderot, anotam na apresentação Clara Castro e Pedro Paulo Pimenta, “é um programa no qual se delineiam, em linhas gerais, as condições para a realização de uma tarefa peculiar: interpretar a natureza. Conhecê-la, por certo, mas de uma maneira talvez inusitada, adivinhando o seu jeito de ser em meio às limitações dos nossos sentidos e do nosso entendimento. Essas personificações – 'a natureza', 'o nosso entendimento' – são todas propositais, e Diderot as propõe em contraposição à tendência metafísica de tomar esses nomes por designações de entidades reais. De saída, portanto, seu pequeno opúsculo, publicado parcialmente em 1753 e integralmente no ano seguinte, oferece uma espécie de antídoto aos preconceitos embutidos no uso mais corriqueiro da linguagem."

"É uma dama que adora se travestir, e cujos diferentes disfarces revelam ora uma parte, ora outra, dando esperança aos seus admiradores mais assíduos de que, um dia, sua pessoa se revele por inteiro." É assim que Denis Diderot se refere à natureza no texto que estrutura este volume, no qual o filósofo se lança à desafiadora empreitada de conhecer um pouco essa "dama" – que está em constante mutação –, sem se deixar enganar pelas limitações de nossos sentidos e entendimentos.  

Sobre o autor – O francês Denis Diderot (1713-1784), um dos grandes homens de letras da Europa do século XVIII, foi, ao lado de Jean le Rond d’Alembert, editor-chefe da Enciclopédia. A Editora Unesp lançou a mais abrangente versão da obra magna do Iluminismo fora da França, em seis volumes, além de O sobrinho de Rameau, O sonho de d’Alembert e outros escritos, e Carta sobre os cegos e Carta sobre os surdos-mudos. Em 2024, a edição brasileira da Enciclopédia será completada com um sétimo volume.

Título: Da interpretação da natureza
Autor: Denis Diderot
Organização: Pedro Paulo Pimenta
Tradução: Pedro Paulo Pimenta, Maria das Graças de Souza, Maurício de Carvalho Ramos e Clara Castro
Apresentação: Clara Castro e Pedro Paulo Pimenta    
Número de páginas: 182
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 58
ISBN: 978-65-5711-206-9

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