Lançada em 2011, Fronteiras de tensão: Política e violência nas periferias de São Paulo, de Gabriel de Santis Felran, acaba de chegar de nova impressão. A obra apresenta uma nova perspectiva sobre as periferias da cidade de São Paulo, discutindo os paradoxos e mitos que as circundam. Um trabalho de fôlego, que explicita a dedicação e o compromisso de um autor/pesquisador constantemente implicado nas sensações, atitudes, observações e análises voltadas às periferias urbanas, com especial atenção ao mundo do crime e à política.
As periferias de São Paulo têm sido palco de transformações intensas nas últimas décadas. Os pilares da dinâmica social de ocupação desses territórios - a migração, o trabalho fabril, a família operária, a teologia católica e a expectativa de mobilidade ascendente - se deslocaram radicalmente desde os anos 1970.
De lá pra cá, os novos habitantes da cidade já não são mais migrantes. O pano de fundo sobre o qual esses sujeitos inscreveram suas trajetórias foi marcado, portanto, por paradoxos constitutivos: a consolidação da democracia formal foi coetânea à reestruturação produtiva; a ampliação do acesso ao crédito popular foi simultânea à limitação da contrapartida social do assalariamento; o declínio da representatividade dos movimentos populares ocorreu enquanto crescia o acesso às políticas sociais; o trânsito religioso rumo ao pentecostalismo ocorreu junto à consolidação da infraestrutura urbana dos territórios de periferia e, finalmente, a emergência do mundo do crime - e do Primeiro Comando da Capita (PCC) - ocorreu ao mesmo tempo em que se sofisticavam as políticas de segurança em todo País, se ampliava o encarceramento em São Paulo.
Nesse contexto, a obra narra as disputas e os conflitos entre o Estado e organizações, seus principais personagens e a violência resultante deste embate.