Editora Unesp 30 anos: Elisângela da Silva Santos, leitora

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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Elisângela da Silva Santos, leitora

O livro de Emília Viotti da Costa Da Senzala à Colônia marcou profundamente a minha vida de leitora. Tive acesso à obra quando realizava minha pesquisa de iniciação científica, em 2005 quando estava cursando meu terceiro ano do curso de Ciências Sociais na Unesp de Marília.

Considero a obra leitura imprescindível para a compreensão da nossa formação nacional, que inevitavelmente perpassa pela escravidão, como diz a autora: “A escravidão marcou os destinos da nossa sociedade”. De maneira bastante competente, Viotti demonstra como a mão-de-obra escrava foi a forma predominante da economia cafeeira, do mesmo modo que fora predominante na economia açucareira e aurífera.

Deste modo, a escravidão moderna é uma instituição diretamente relacionada com o sistema colonial, por isso a historiadora aponta que para sua compreensão no século XIX é necessário entender a herança colonial e os nexos entre o sistema colonial e escravidão. 

Um dos pontos de maior relevância, na minha visão, é quando a autora analisa a arraigada mentalidade senhorial dos grandes fazendeiros de café, que se mostravam extremamente hesitantes em aceitar a incorporação do trabalho livre, mesmo o Brasil se afirmando como um país independente e incorporando à sua Constituição as fórmulas liberais europeias.

O livro consegue traduzir ao leitor um nexo muito importante entre a escravidão, a mentalidade escravocrata e a economia, o que reverbera na análise da nossa modernidade periférica e ambígua, uma vez que traz para a academia uma compreensão da experiência humana dos escravos.

A abolição é analisada como resultado de um longo processo que abrangeu mudanças estruturais no mundo e no Brasil, o que contribui para uma leitura não “naturalizada” desse fato inesquecível da sociedade brasileira.

Para mim, este livro é um grande clássico da historiografia brasileira, que me acompanha na minha trajetória profissional, pois até hoje, na condição de professora universitária, continua sendo adotado como leitura obrigatória para o entendimento da escravidão no Brasil.   

Assessoria de imprensa da Editora Unesp