Filósofos exploram a relação entre o Iluminismo e os primórdios da luta feminista

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Textos do século XVIII revelam as contradições entre os ideais de liberdade e a exclusão feminina nas revoluções iluministas

O século XVIII, marcado pelas ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, foi um período de profundas transformações sociais e políticas. Em meio a esse cenário, as mulheres começaram a desafiar o patriarcado e a construir os primeiros alicerces da luta feminista. Mulheres nas Luzes, lançamento da Editora Unesp, reúne textos da época que exploram como as vozes femininas — muitas vezes silenciadas pela história — ganharam espaço e questionaram as estruturas de poder.

“Este livro mergulha nesse período, explorando a maneira como os ideais iluministas impactaram a condição feminina, e revelando as primeiras manifestações de um movimento que se tornaria a luta feminista moderna. Textos originais da época, escritos por mulheres e homens que ousaram romper o silêncio sobre o tema, trazem à luz ideias e aspirações de uma sociedade em transformação”, escreve na Introdução Regina Schöpke, organizadora da obra ao lado de Mauro Baladi. “Enquanto a Europa se debatia com a crítica aos abusos políticos e religiosos, as mulheres, quase sempre relegadas à invisibilidade histórica, davam os primeiros passos de uma silenciosa revolução.”

Com uma seleção de textos de homens e mulheres do período ‒ tais como a Marquesa de Lambert, André-François Boureau-Deslandes, Joseph Dinouart, Madeleine de Puisieux, Adélaïde d’Espinassy, Voltaire, Pierre Virard, entre outros ‒ Mulheres nas Luzes revela as dificuldades enfrentadas para romper com o poder patriarcal. “É um mergulho nos debates filosóficos e sociais do Iluminismo, que, apesar de prometer igualdade, muitas vezes ignorava as mulheres e suas demandas por direitos”, complementa Schöpke. A obra também expõe como as ideias iluministas influenciaram as primeiras manifestações do feminismo moderno, ao mesmo tempo em que desnuda a resistência encontrada por quem tentava desafiar as normas estabelecidas.

Nas palavras de Joseph-Marie Lequinio, um dos autores resgatados, temos um conselho dado a todas as mulheres, e que se transforma em uma verdadeira prescrição: “Sexo frágil, que nossa injustiça oprime em todos os tempos, e submete a uma escravidão quase universal e completa, quereis enfim quebrar o nosso cetro e romper vossas correntes? Tenhais a coragem de vos instruir... [...]. Renunciai às frivolidades... [...]. Acima de tudo, aprendei a escapar da dominação dos preconceitos religiosos, porque eles são o princípio de toda cegueira e a morte da inteligência humana. Desvencilhai-vos com audácia de todas as quimeras; aprendei a pensar e fazei uso da vossa razão; saibais, enfim, vos governar por vossa própria conta, se pretendeis não ser mais governada doravante pelos caprichos e a vontade suprema de vossos esposos...”.

Sobre os organizadores – Regina Schöpke é professora adjunta do Departamento de Filosofia e do PPGFIL da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É mestra em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em História Medieval pela Universidade Federal Fluminense, doutora em Filosofia pela Unicamp e pós-doutora em Filosofia pela PUC do Paraná. Mauro Baladi é licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tradutor, resenhista e pesquisador.

Título: Mulheres nas Luzes
Organização e notas: Regina Schöpke, Mauro Baladi
Tradução: Regina Schöpke, Mauro Baladi  
Número de páginas: 402
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 96
ISBN: 978-65-5711-221-2

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