Filósofo advoga que o pensamento universal deve recuperar seu poder mobilizador e crítico:
contra a supremacia das emoções e opiniões individuais, defenda-se a razão científica;
contra o império das identidades, deve ser reconstruída uma ética da igualdade e da reciprocidade
Os seres humanos encontram-se diante de um paradoxo: por um lado, as pessoas nunca estiveram tão conectadas, como hoje, a ponto de se perceberem como parte de uma única humanidade, em que o sofrimento de alguns do outro lado do planeta afeta diretamente a vida; por outro, a unidade da humanidade caminha para trás nas representações coletivas, nas quais se apresentam os mesmos recuos identitários: novos nacionalismos, novas xenofobias, novos radicalismos religiosos. Diante disso, só há um caminho possível: resgatar o pensamento universal, e é isso que o filósofo Francis Wolff realiza em seu Em defesa do universal: para fundar o humanismo, lançamento da Editora Unesp, que conclui a trilogia formada por Nossa humanidade (2013) e Três utopias contemporâneas (2018).
“Esta é a ambição deste livro: devolver às ideias universalistas toda a sua potência crítica e mobilizadora”, defende Wolff. “O que importa, hoje, é reapropriar-se das ideias das Luzes, fundamentar para a nossa época essas ideias depreciadas pela nossa própria época – que, no entanto, precisa mais do que nunca delas. Assentar esses conceitos desvalorizados sobre uma base sólida. O norte continua no mesmo lugar. A bússola é que falhou. Se o universal é um conceito que perdeu força política, o que dizer do humanismo?”
Para o filósofo, se o humanismo é fraco, é antes de tudo porque se sustenta numa ideia fraca de humanidade. Assim, Wolff desfia seus argumentos em sua defesa ao longo da obra. “Ela se apresenta em três teses: a humanidade é uma comunidade ética; a humanidade possui valor intrínseco e é fonte de todo valor; todos os seres humanos têm valor idêntico”, explica. “Deduzem-se daí o caráter inviolável do corpo humano e da pessoa, bem como o respeito devido às obras humanas: a história, os saberes, as técnicas e as artes. Essa ideia de humanidade e de humanismo está ligada a outras que se nomeiam ‘razão’, ‘ciência’, ‘igualdade’, ‘moralidade’, ‘filosofia’ (tal como a concebo), assim como àquela que as engloba: o universal. São as ideias das ‘Luzes’. Elas estão em crise. Este livro tem um objeto modesto, portanto, pois não há nada mais banal do que o universal. Mas tem um objetivo ambicioso, porque o universal vai mal – tanto na realidade como nas ideias, que ora a refletem, ora a determinam.”
Sobre o autor – Francis Wolff nasceu em Ivry-sur-Seine, na França, em 1950. É filósofo e professor emérito da École Normale Supérieure de Paris. De 1980 a 1984, lecionou Filosofia Antiga na Universidade de São Paulo. Pela Editora Unesp, publicou Nossa humanidade: de Aristóteles às neurociências (2013), Três utopias contemporâneas (2018), Pensar com os antigos: uma riqueza de todo o sempre (2021) e Em defesa do universal (2021).
Título: Em defesa do universal: para fundar o humanismo
Autor: Francis Wolff
Tradução: Mariana Echalar
Número de páginas: 270
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 80
ISBN: 978-65-5711-032-4