Giulio Busi percorre os enigmas da adivinhação e do destino

Leitores encontrarão nestas páginas divindades mitológicas, heróis da tragédia grega e sábios de dinastias milenares, mas também cenários contemporâneos e inesperados  

Em tempos de racionalidade extrema, algoritmos e ciência de dados, ainda é possível falar em presságios, oráculos e premonições sem cair no descrédito? Apesar da desconfiança contemporânea, a intuição de que há algo além da lógica permanece firme, seja no espanto silencioso diante de coincidências, seja no fascínio por histórias que escapam à razão. É essa dimensão misteriosa que o ensaísta italiano Giulio Busi investiga em Adivinhar o mundo: as cem portas do destino, lançamento da Editora Unesp.

Ao longo das páginas, o autor nos conduz por um inventário narrativo de encontros com o inexplicável: de figuras mitológicas a sábios milenares, de tragédias gregas a histórias reais em Bucareste, Costa Rica ou Milão. Busi, professor de literatura hebraica na Universidade Livre de Berlim e especialista no misticismo judaico, rejeita explicações simplistas e convida o leitor a contemplar as perguntas que ecoam desde os primórdios da humanidade: de onde vêm essas intuições? O que significam? E por qual das cem portas o destino atravessa para se revelar, mesmo que por um breve segundo?

“Um teatro, onde a cena está sempre sendo representada. Um antigo templo, impregnado pela fumaça dos sacrifícios. Mais de um porão, alguns imensos e inexplorados, outros abarrotados e bem conhecidos. Mas também uma velha casa colonial, um cruzamento congestionado pelo trânsito, um quarto em Paris, o parque infantil de uma vila na montanha, um café ao ar livre em Veneza. São apenas alguns dos lugares atravessados por este volume. É um catálogo heterogêneo, que reúne espaços metafóricos, como o teatro da alma, locais reais e outros apenas sonhados”, escreve Busi.

Sem pretensões de resolver o mistério, o autor prefere escutá-lo: com escuta atenta, erudição acessível e um olhar que reconhece no insólito um território legítimo da experiência humana. Em vez de desmascarar as profecias ou desmentir as intuições, Busi busca compreendê-las como parte de uma tradição cultural que atravessa séculos e fronteiras. Para ele, cada relato, por mais improvável que pareça, carrega um valor simbólico, afetivo e existencial. O que está em jogo, afinal, não é apenas se a previsão se realizou, mas o modo como ela nos transforma, nos mobiliza, nos faz ver o mundo com outros olhos.  

Sobre o autor – Giulio Busi nasceu em Bolonha, Itália, em 1960. É diretor do Instituto de Estudos Judaicos da Freie Universität de Berlim, onde também leciona. Conta quase uma centena de trabalhos publicados acerca de temáticas ligadas à história do misticismo judaico e da cabala, obra que o tornou reconhecido como um dos maiores especialistas vivos na área. É colaborador de longa data do suplemento cultural do jornal italiano Il Sole 24 Ore e atua como curador em exposições de arte renascentista e medieval.  

Título: Adivinhar o mundo: as cem portas do destino
Autor: Giulio Busi
Tradução: Silvia Massimini Felix    
Número de páginas: 239
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 64
ISBN: 978-65-5711-303-5

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