Obra foi a primeira análise historiográfica de síntese dos anos que vão de 1889 a 1902 a utilizar parâmetros teóricos e metodológicos, como o recurso a fontes primárias diversificadas
Clodoaldo Bueno faz parte da pequena fatia de historiadores que fundou, no início da década de 1980, a moderna historiografia dedicada à evolução da política externa brasileira. E foi mergulhando nesse assunto, com um enfoque particular no alvorecer da República, que nasceu A República e sua política exterior (1889-1902), lançamento da Editora Unesp, que ora ganha segunda edição revista e ampliada. A primeira, de 1995, tornou-se um clássico ao estudar esses anos que, até então, tinham merecido exames concentrados em alguns temas específicos.
“A importância desse período – fundador da República brasileira e da inserção do país no plano internacional – esteve ofuscada em termos historiográficos entre a ativa política externa do Segundo Reinado e a importância do decênio do barão do Rio Branco à frente do Itamaraty”, explica o professor do departamento de História da Universidade de Brasília Francisco Doratioto, que assina as orelhas da obra. “Portanto, até a publicação deste livro, o período entre 1889 e 1902 era visto quase como uma espécie de sala de espera do surgimento da política riobranquina. Esta obra foi a primeira análise historiográfica de síntese desses anos a utilizar parâmetros teóricos e metodológicos, como o recurso a fontes primárias diversificadas. Essas, aliás, foram fundamentais, pois se dispunha, até então, de poucos estudos sobre aspectos dessa época com tais características.”
Ao longo de oito grandes eixos, o autor debruça-se nos elementos da diplomacia da República, o novo regime político brasileiro, e suas inovações em relação à Monarquia. Sobretudo nesta nova edição, Bueno examina a conjuntura da virada do século XIX para o XX, tanto nacional quanto internacional, com o fim de embasar seu raciocínio no realismo. “As qualidades do novo texto de Clodoaldo Bueno reforçam seu mérito acadêmico. Historiador com “h” maiúsculo, por certo. Realista, objetivo, longe de teorias feitas de elucubrações infundadas. O autor segue os passos de rigorosa argumentação: a República procura a vizinhança, porém o Congresso Nacional abriga variedades intelectuais, o que dificulta elaboração e execução da política exterior”, anota o professor emérito da Universidade de Brasília Amado Luiz Cervo. “No âmago da inovação republicana está a base de uma sociedade agrária, à qual servem os parlamentares, plantadores e latifundiários, oriundos desse meio social.”
“Clodoaldo Bueno demonstra que as interpretações históricas da passagem do Império à República ficam incompletas se deixarem de lado um componente essencial: o contexto global durante essa transição. O período é riquíssimo de acontecimentos: a aproximação com os Estados Unidos, o sucesso do barão do Rio Branco nos arbitramentos diplomáticos, a invasão da Ilha de Trindade, a intervenção estrangeira na Revolta da Armada e tantos outros eventos”, expõe o fundador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Gelson Fonseca Jr., na quarta capa. “O autor soube, de forma inovadora e magistral, oferecer um mapa analítico desse período: alinhavou os fatos com a mais rigorosa pesquisa em arquivos, enriquecendo-a com os debates parlamentares e jornalísticos. E tudo isso com uma prosa limpa, agradável, precisa. Uma obra indispensável para quem se interessa pela história do Brasil no mundo.”
Sobre o autor – Clodoaldo Bueno é graduado em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre e doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e livre-docente em História Econômica, Social e Política do Brasil pela Unesp, campus de Marília, da qual é professor titular aposentado. É membro fundador do curso de pós-graduação em História da Unesp, câmpus de Assis, e do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais São Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUC-SP). Foi docente e pesquisador visitante no Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP. Em 1997, desenvolveu programa de aperfeiçoamento científico na Universidade Católica de Lovaina (Bélgica), com pesquisa nos arquivos de Bruxelas, Nantes e Paris. É membro da Comissão Internacional da História das Relações Internacionais, sediada em Paris-Milão. Em parceria com Amado Luiz Cervo, publicou A política externa brasileira (1822-1985) e História da política exterior do Brasil. Individualmente lançou A República e sua política exterior (1889-1902) e Política externa da Primeira República – Os anos de apogeu (1902-1918). Organizou, com Eddy Stols e Luciana Pelaes Marcaro, o livro Brasil e Bélgica – Cinco séculos de conexões e interações. Tem cinquenta anos de docência, participou de duas centenas de bancas examinadoras e seus trabalhos são citados no Brasil e no exterior.
Título: A República e sua política exterior (1889-1902) – 2ª edição revista e ampliada
Autor: Clodoaldo Bueno
Número de páginas: 392
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 114
ISBN: 978-65-5711-132-1
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