O que significou o advento da República para as relações internacionais do Brasil? Com base nesse problema, Clodoaldo Bueno procura mostrar quais foram os interesses nacionais que passaram a sensibilizar os novos dirigentes e quais as tensões internacionais com que se defrontaram. Além disso, o historiador procura especificar a natureza das transformações sociais e econômicas que induziram a uma reorientação de nossa política exterior.
Clodoaldo Bueno é graduado em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre e doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e livre-docente em História Econômica, Social e Política do Brasil pela Unesp, campus de Marília, da qual é professor titular aposentado. É membro fundador do curso de pós-graduação em História da Unesp, câmpus de Assis, e do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais São Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUC-SP). Foi docente e pesquisador visitante no Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP. Em 1997, desenvolveu programa de aperfeiçoamento científico na Universidade Católica de Lovaina (Bélgica), com pesquisa nos arquivos de Bruxelas, Nantes e Paris. É membro da Comissão Internacional da História das Relações Internacionais, sediada em Paris-Milão. Em parceria com Amado Luiz Cervo, publicou A política externa brasileira (1822-1985) e História da política exterior do Brasil. Individualmente lançou A República e sua política exterior (1889-1902) e Política externa da Primeira República – Os anos de apogeu (1902-1918). Organizou, com Eddy Stols e Luciana Pelaes Marcaro, o livro Brasil e Bélgica – Cinco séculos de conexões e interações. Tem cinquenta anos de docência, participou de duas centenas de bancas examinadoras e seus trabalhos são citados no Brasil e no exterior.
Neste livro, originalmente publicado em inglês pela Lexington Books (2009), Tullo Vigevani e Gabriel Cepaluni delineiam, de maneira clara e encadeada, o caminho histórico que o Brasil percorreu desde então em sua política externa: Sarney e as pressões para a mudança; Collor/Itamar Franco e o turbulento governo, que deu início às transformações liberais; Fernando Henrique Cardoso e a absorção e consolidação de mudanças resultantes da globalização, levando à autonomia pela participação; e Lula, com sua ênfase nas negociações comerciais internacionais e na busca de aprofundamento da coordenação política com países em desenvolvimento.
Para entender a crise política que redundou no impeachment de Dilma Rousseff é necessário tomar em consideração uma dimensão da vida social cuja importância é ignorada ou descurada na maioria das análises disponíveis. As facetas mais visíveis da crise – como a polarização política na eleição presidencial de 2014, a disputa ideológica do neodesenvolvimentismo com o neoliberalismo, as grandes mobilizações de rua pró e contra o governo Dilma, a Operação Lava-Jato e outros embates que marcaram ou que ainda marcam a cena política nacional – devem ser explicadas recorrendo não só aos valores e à organização desses movimentos e instituições, mas, sobretudo, aos confl itos distributivos de classe que atravessaram e atravessam a sociedade brasileira. O exame multifacetado desses conflitos e de suas complexas relações com os embates que agitam a cena política nacional talvez seja a principal contribuição de Reforma e crise política no Brasil.
Abrangente e rico em informações, este livro aborda dois temas da maior relevância: de um lado, o processo histórico que leva à adoção das reformas econômicas neoliberais na Argentina sob o governo Menem e os rumos seguidos na sua implementação; de outro, a reorientação drástica que se processa na condução da política externa desse país no mesmo período.
Os artigos que compõem este livro compartilham uma perspectiva comum: a de entender a trajetória histórica de qualquer economia como a síntese de aspectos estruturais, cíclicos e de política econômica. E esse ponto de vista não poderia ser esquecido e tampouco minimizado ao se examinar a experiência recente de desenvolvimento econômico do Brasil, durante os governos Lula e Dilma, com especial destaque para este último período. O seu título, Para além da política econômica, procura exatamente destacar essa abordagem, presente em todos os seus capítulos. A sua recusa a interpretações, ortodoxas ou heterodoxas, para as quais os equívocos na gestão da política econômica responderam, primordialmente, pela desaceleração e crise do experimento desenvolvimentista constitui o traço de união dos vários textos.
Os textos aqui reunidos resgatam o pensamento de Mauricio Tragtenberg, intelectual que concebia o mundo contemporâneo de forma lúcida e clara, em relação à política, ao poder politico e ao Estado. Exemplos acabados de um trabalho comprometido com o projeto libertário de sociedade e que conservam uma atualidade dramática, principalmente quando analisam o muitas vezes aviltante modo de fazer política no Brasil.